O Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) lança no dia 19 deste mês o Programa Sebraetec para auxiliar os empreendedores por meio de serviços, consultorias e recursos para as áreas de inovação e tecnologia. Com abrangência nacional, o programa espera atender a 12.770 micro e pequenas empresas por ano.
Serão destinados em 2011 R$ 74 milhões para os projetos nas áreas de inovação de processos e produtos, marketing e organização dos empreendimentos. E já há perspectivas de ampliação: para 2012, estão previstos R$ 125 milhões para o programa e, para 2013, R$ 179 milhões. Serão quase R$ 380 milhões nos próximos três anos.
O novo programa do Sebrae fornecerá recursos e consultoria. Além disso, encaminhará parceiros que auxiliarão os empresários no desenvolvimento dos novos produtos. Já existem operações nas unidades do Sebrae nos Estados que promovem assistência às empresas na área de inovação. Esta será, entretanto, a primeira vez que haverá uma concentração dessas atividades por meio de um programa nacional.
O Sebraetec contempla quatro modalidades, com durações distintas: projetos de serviços tecnológicos básicos (prazo máximo de seis meses), avançados (com até nove meses), inovação (até 12 meses) e o Inova, cujo grau de complexidade é ainda mais elevado (24 meses).
Os projetos que entram nas categorias de serviços tecnológicos básicos e avançados serão analisados sem a realização de um edital. Para as demais modalidades haverá chamadas públicas. “A previsão é de que os primeiros editais sejam lançados já em 2011, uma vez que a expectativa é de que ao menos uma chamada por ano seja feita”, afirma José Anselmo de Góis, analista e coordenador do programa. Já aderiram ao programa 25 estados, restando apenas São Paulo e Minas Gerais.
A participação no programa é restrita às empresas que tenham faturamento mínimo anual de R$ 240 mil e máximo de R$ 2,4 milhões. Os projetos que forem aprovados serão monitorados e terão seu andamento fiscalizado por meio de relatórios. Caso a empresa não cumpra o planejamento descrito ou tenha alguma irregularidade, correrá o risco de, além de perder a verba, não poder mais se inscrever nos programas do Sebrae.
Investimento em saúde
Para inovar, os engenheiros Robson Ribeiro e Arao Hayashida investiram na empresa Medinovação, que desenvolve equipamentos para a área de saúde. Após um ano e meio na incubadora da Universidade Federal de Itajubá (Unifei), em Minas Gerais, os sócios decidiram entrar no mercado. Hoje, comercializam um equipamento utilizado para estabelecer comunicação entre enfermeira e paciente, por meio de um dispositivo sem fio.
O aparelho também é acompanhado por um software em que a enfermeira registra o atendimento e monitora as atividades já realizadas com o paciente. Outros dois equipamentos desenvolvidos na empresa estão em viés de serem comercializados, faltando apenas o registro na Anvisa: o detector fetal (promove a escuta do batimento cardíaco) e o cardiotocogrado (mostra por meio de um vídeo as batidas do coração do bebê).
Os engenheiros queriam investir nesses produtos e aumentar seu portfólio e, para isso, buscaram programas de apoio à inovação. Foi em junho de 2009 que se inscreveram no programa do Sebrae, já com o modelo do Sebraetec, que agora se torna nacional.
O projeto inscrito é para um novo sistema de refrigeração para transporte de órgãos. “O aparelho que criamos é uma caixa que não utiliza gelo e sim corrente elétrica para fazer a refrigeração”, diz o engenheiro. O produto ainda não está no mercado, já que para comercializá-lo ainda é preciso realizar testes com órgãos humanos (até agora só foram usados de animais).
A contrapartida apresentada pela Medinovação foi de R$ 10,7 mil e o restante (R$ 17,8 mil) fornecido pelo Sebrae. Em oito meses o projeto foi concluído, o protótipo, montado, e os relatórios finais, apresentados. Hoje, os empresários têm 11 funcionários e querem comercializar o novo sistema de refrigeração, mas ainda enfrentam ainda conseguiram o aval da Anvisa. “O Sebrae acompanhou o desenvolvimento do projeto. A verba foi fundamental para a evolução de um projeto que estava parado por falta de investimento”, afirma Ribeiro.
Bruna Bessi, iG São Paulo