O aiatolá Ali Khamenei disse nesta terça-feira que, caso o Irã seja atacado por causa de seu programa nuclear, o país vai retaliar com um ataque a Israel e a navios americanos no Golfo Pérsico.
Como teocracia, o poder de fato no Irã está nas mãos dos aiatolás e, entre eles, Khamenei é o mais poderoso.
“O primeiro tiro americano no Irã daria início a um incêndio nos interesses vitais dos Estados Unidos no mundo”, disse o também clérigo Ali Shirazi.
“Tel Aviv e a frota americana no Golfo seriam os alvos da resposta iraniana”.
Não está claro se quando Shirazi mencionou Tel Aviv ele se referiu apenas à cidade ou a Israel como um todo, já que o Irã não reconhece o país.
Especulação
A especulação sobre uma possível ação contra o Irã aumentou no mês passado quando surgiu a notícia de que Israel realizou um exercício militar na Grécia simulando um ataque.
O governo americano afirma desejar uma solução diplomática para a disputa, mas não descartou usar a força.
Entretanto, na semana passada o chefe do Estado-Maior americano, a maior autoridade militar dos EUA disse que a abertura de uma terceira frente de combate no Oriente Médio, após o Iraque e o Afeganistão seria “extremamente estressante” para as forças armadas do país.
Os Estados Unidos e outras nações ocidentais acusam o Irã de usar seu programa nuclear como fachada para a fabricação de armas, mas o governo iraniano rejeita as acusações, dizendo que o programa tem fins pacíficos.
Formas de retaliação
A agência de notícias estatal do Irã informa que a guarda revolucionaria iraniana, a divisão de elite das tropas do país, iniciou uma rodada de exercícios destinados a “melhorar sua capacidade de combate”.
Eles são responsáveis pelos mísseis Shahab-3, capazes de atingir Israel e bases americanas no Golfo.
No entanto, especialistas militares dizem acreditar que os atuais sistemas de defesa antimísseis americanos seriam capazes de impedir ataques.
Analistas acreditam que, apesar de possuir um poderio bélico bastante superior ao iraniano, os EUA dificilmente impediriam uma retaliação iraniana, se o país usar sua influência em ataques no Iraque ou em outros lugares.
Os Estados Unidos acusam o Irã de fornecer apoio e armas para milícias xiitas no Iraque.
Especialistas dizem que o Irã pode também prejudicar os esforços dos EUA para estabilizar o Afeganistão.
Eles dizem que, apesar de estarem em pólos ideológicos opostos, o Irã e o talebã poderiam fazer uma aliança temporária para atingir interesses americanos em solo afegão.
Grupos armados ligados ao Irã como o Hezbollah no Líbano e o Hamas na Faixa de Gaza poderiam ainda lançar ataques contra alvos israelenses ou americanos.
Diplomacia
Prosseguem as negociações diplomáticas para a crise. A União Européia impôs novas sanções contra o Irã em junho, mas ofereceu um pacote de incentivos se o país suspender seu programa nuclear.
Diplomatas estão no momento analisando o que dizem ser uma resposta complexa dada pelo Irã.
Existe especulação de que o Irã esteja cogitando adotar uma posição mais flexível, depois que alguns integrantes do governo se pronunciaram otimistas em relação ao pacote proposto.
O Irã afirma estar disposto a negociar, mas insiste que seus direitos nucleares devem ser respeitados. O país argumenta que necessita encontrar formas alternativas de energia, já que o uso de combustíveis fósseis – como o petróleo – é finito.
U.Seg