Para muita gente, o primeiro sinal de que o inverno está chegando vem do nariz. Espirros constantes, coriza inconveniente e congestionamento nasal são os sintomas da alergia respiratória, que atinge mais de 30% da população mundial, sobretudo nas estações mais frias do ano.
Os sintomas podem ser confundidos com os de gripe ou resfriado, pois a sensação é quase a mesma. Crianças e idosos sofrem mais com o problema por terem o sistema imunológico (defesa do organismo) mais frágil.
A alergia é uma doença crônica e determinada por fatores genéticos. Não tem cura, mas pode ser controlada com tratamentos específicos, vacinas e alguns cuidados no ambiente doméstico.
“No inverno, a mucosa fica mais irritada, o que deixa a defesa do organismo baixa e, conseqüentemente, facilita a ocorrência da crise”, explica o médico Ataualpa Reis,
presidente da Sociedade Brasileira de Alergia e Imunopatologia.
Segundo a Sociedade Brasileira de Alergia, Asma e Imunologia, até a década de 70, cerca de 10% da população mundial tinha algum tipo de alergia. Nos anos 90, o índice era de 20% e nos anos 2000, cerca de 35%. Até 2010, calcula-se que 50% das pessoas apresentem algum tipo de alergia, ou seja, meio mundo será alérgico daqui a dois anos.
A alergia nada mais é do que uma resposta do próprio organismo, uma reação exagerada ao ataque de agressores ambientais, chamados de alérgenos. A doença só aparece quando o corpo entra em contato com algum desses agentes. O principal vilão é o ácaro. São aracnídeos microscópicos que se alimentam de restos de pele, cabelos, alimentos e fungos e são os responsáveis pela doença em 83% dos casos. Fungos (mofo), pêlos de animais e os restos de baratas também causam alergia.As manifestações mais comuns de alergia são as rinites, que respondem por cerca de 30% dos casos. Em segundo lugar, está a asma
brônquica, responsável por 25%.
Neste último caso, a contração dos brônquios impede a chegada do ar até os pulmões e, nas crises mais sérias, o paciente pode morrer por asfixia.
Diagnosticar alergias não é nada simples. É preciso analisar o histórico familiar, os hábitos da pessoa e o ambiente onde vive. Depois, identificar quais são os agentes causadores do problema por meio de exames.
A prevenção é sempre o melhor remédio. E se o ácaro é o principal inimigo dos alérgicos, o sol pode ser o grande aliado. “As pessoas ficam muito tempo dentro de casa, principalmente no frio. E sempre há muitos carpetes, tapetes e cortinas.
Ambientes fechados, úmidos e que acumulam poeira facilitam a sobrevivência desses agressores”, explica Reis, que ressalta: “não há aparelhos (umidificadores e esterilizadores de ar) totalmente eficazes no combate aos ácaros”. O ideal é manter a casa sempre limpa, arejada e livre de objetos que
acumulam pó.
Por Juliana Vilas/F.U