quinta-feira, 07/11/2024
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Saibam como se evitar os perigos da plastica

Uma lipoaspiração aqui, uma prótese ali, estica um pouco acolá. Cada vez mais os brasileiros enfrentam o bisturi por vaidade. No último levanta-mento feito pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), em 2004, o Brasil registrou 616,2 mil operações estéticas feitas em um ano. De acordo com uma estimativa da organização, o Brasil é o segundo no ranking dos países que mais realizam plásticas no mundo, só perde para os Estados Unidos.

“Dentro da medicina,
a vaidade humana é algo que dá muito dinheiro, por isso, há muito cirurgião no mercado que não é especialista no assunto e age como se fosse”, diz o cirurgião plástico Douglas
Jorge, da diretoria da SBCP.

Em uma época de supervalorização do corpo perfeito, somada ao fato de que as operações estéticas ficaram mais acessíveis, a cirurgia plástica acabou, em muitos casos, banalizada.
O excesso, aliado à falta de critério na escolha do profissional, pode ter como resultado o efeito contrário ao desejado, ou seja, mutilações, deformações e até a morte.

“Uma plástica pode ajudar muito na auto-estima quando o problema é nítido. Mas uma operação dificilmente vai ajudar no emocional de alguém que imagina que uma prótese de seios pode, por exemplo, salvar um casamento”, diz Mara Pusch, psicóloga e sexóloga da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

Para o cirurgião plástico Leonard Bannet, sócio da clínica Santé, em São Paulo, há casos em que a paciente vicia em plásticas e, quando o procedimento cirúrgico não é indicado, deve-se recusar a operar. “Já recusei fazer cirurgias que não eram necessárias. O médico tem que explicar também sobre a cicatriz que o paciente vai ganhar que, muitas vezes, não compensa diante do resultado”, conta ele, que já operou famosos, como Débora Secco, Xuxa e Zezé Di Camargo.

A equiparação de cirurgias plásticas à mercantilização se tornou tamanha que levou o Conselho Federal de Medicina (CFM) a proibir financiamentos para esse tipo de operação. De acordo com a resolução 1.836/08, desde março deste ano, os médicos de qualquer área estão proibidos de vincular atendimento e cirurgias a qualquer plano de financiamento ou mesmo de consórcio.

Quando dá errado
Com operações estéticas cada vez mais acessíveis, muita gente acha ser a hora certa de deixar o corpo perfeito. Muitas vezes, porém, a história acaba em tragédia. Foi o que aconteceu com José Carlos Pirillo, de 69 anos, que perdeu a filha, Silvia, então com 38, em uma lipoaspiração realizada com o médico Ferrucio Dall’Aglio, em 2005. “Depois do retorno para retirada do dreno, ela começou com febre alta e com vazamento de um líquido na barriga“, conta. “O médico não nos atendia.” Silvia não melhorava. Com fortes dores, eles voltaram ao hospital. De acordo com Pirillo, Dall’Aglio apalpou o corte inflamado e receitou um antidepressivo. “Ele disse que era tudo normal e nos mandou embora.” Silvia foi atendida um dia depois por outros cirurgiões. “Nunca mais fecharam o corte, pois o foco de infecção era muito grande. Ela não agüentou”, conta o pai.Reclamações
O Conselho Regional da Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp) não divulga o número de reclamações contra cirurgiões plásticos. Mas, estima-se que haja mais de 20 registradas contra Ferrucio Dall’Aglio. Dessas, pelo menos 17 viraram processos na Justiça. Ele ainda responde como réu em três ações na Vara Criminal de Violência Doméstica contra a Mulher, em São Paulo.

Dez dos processos, inclusive o de Pirillo, estão com a advogada Sueli Sznifer Cattan. “Já temos um julgamento a favor. O Cremesp o suspendeu por 30 dias. Mas ele continua clinicando legalmente. Quantas Silvias vão ter que morrer até que ele seja caçado?”, questiona.
A microempresária Kelly Tortelli, de 36 anos, é outra vítima. Ela fez uma cirurgia para redução dos seios, mas os cortes inflamaram e os pontos arrebentaram. Com o corte aberto e os seios inflamados, ela não encontrava ajuda, pois outros especialistas não queriam colocar a mão na operação de outro médico. A pele começou a necrosar. Kelly conseguiu encontrar Dall’Aglio e conta que ele retirou a pele ferida e a costurou sem anestesia. “Estourou tudo de novo e meu mamilo despregou.”

Em oito meses, ela foi suturada pelo menos 10 vezes. “Nesse tempo, perdi o mamilo. Deixei o corte fechar sozinho e isso demorou cinco meses.

Depois de um ano com os seios deformados conheci uma médica que refez a cirurgia, mas nunca mais vou ter seios normais”, lamenta. No final, a vaidade saiu cara. Kelly pagou R$ 2.800 para Dall’Aglio e mais R$ 3.100 para a médica.

F.Uni

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Parmenas Alt
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