Os altos custos de produção, aliados à baixa cotação do algodão em pluma no mercado interno, poderão comprometer a safra 2008/2009 em Mato Grosso. A safra começa a ser plantada a partir do mês de dezembro.
A principal ameaça, segundo os cotonicultores, reside nos elevados preços dos fertilizantes, que sofreram alta – em dólar – de 140% do ano passado até agora.
“Com os custos nestes patamares, o plantio torna-se proibitivo”, sentencia o produtor Sérgio De Marco, ex-presidente da Associação Mato-grossense dos Produtores de Algodão (Ampa), que estima queda de até 30% na área plantada da próxima safra.
Segundo ele, o setor algodoeiro não vive um bom momento devido a um conjunto de fatores que vai desde a política cambial até os altos custos de produção.
Ele informou que os custos da lavoura de algodão são bem mais altos que os da soja. No caso do algodão, são necessários 1,2 mil quilos de fertilizantes – ou 1,2 tonelada – entre a base e a cobertura para se obter uma boa produtividade.
Ao preço de US$ 850 a tonelada, de acordo com levantamento realizado junto ao comércio de fertilizantes, o produtor gastaria US$ 1,02 mil para aplicar o adubo.
“Precisaríamos colher 300 arrobas de pluma só para pagar os custos. E a nossa produtividade hoje é de 250 arrobas. Isso quer dizer que os produtores vão entregar a safra sem ganhar nada”, afirma o cotonicultor.
“Realmente os custos estão acima do rendimento médio da lavoura e muitos produtores terão prejuízos nesta safra”, confirma o diretor executivo da Cooperativa de Produtores de Algodão (Unicotton), Hélvio Alberto Fiedler.
Ele diz que nos últimos 18 meses a alta dos fertilizantes já chega a 300%. “Só de janeiro deste ano até agora os preços aumentaram quase 50%”.
Para Fiedler, os custos dos fertilizantes são o principal obstáculo para o aumento da produção de algodão na próxima safra. “Na verdade, já damos como certa uma queda no plantio. Por enquanto estamos estimando uma redução de área de pelo menos 20%”, alerta o diretor da Unicotton.
A cooperativa, com sede em Primavera do Leste (239 Km de Cuiabá), conta com 64 produtores associados que plantaram este ano 93 mil hectares. A expectativa é de que sejam colhidas este ano 140 mil toneladas.
Hélvio Fiedler informou que muitos produtores vão reduzir a área plantada e outros vão substituir o algodão por outra cultura por conta dos altos custos dos insumos.
“A nossa recomendação é para que os produtores coloquem os custos [de produção] na ponta do lápis e só plantem se as contas realmente forem fechar”.
PRODUÇÃO – A previsão para a atual safra aponta uma produção de 680 mil toneladas de algodão em pluma, contra 800 mil toneladas na safra 2006/07. A área plantada este ano também apresentou recuo, caindo de 550 mil hectares para 540 mil hectares.
Em Mato Grosso, a colheita de algodão começa um pouco mais tarde em relação a outras regiões produtoras, como Paraná, São Paulo, Mato Grosso do Sul e Minas Gerais, onde a colheita começou e algumas algodoeiras já estão em plena atividade de esmagamento do caroço.