Quem ronca nega de pés juntos que ronca. Mas, quem convive com essa pessoa não tem dúvida que o barulho alheio incomoda, e muito.
O ronco é um sinal de que o ar passa com dificuldade pelas vias respiratórias e pode ser causado por inúmeras razões. Uma delas é o fato de estar acima do peso, principalmente homens que costumam engordar da cintura para cima, o que contrai o tórax e interfere na respiração.
“Tranqüilizantes e bebidas alcoólicas antes de dormir também pioram o quadro, pois aumentam a flacidez nas vias aéreas, o que pode causar o problema”, explica Luciane Fujita, pneumologista e médica especialista do Instituto do Sono, em São Paulo.
Nas grandes cidades brasileiras, como São Paulo, 70% das pessoas têm queixa de insônia. Dessas, 40% roncam ou têm apnéia, de acordo com um estudo realizado pelo Instituto.
A maioria das pessoas, porém, só se dá conta quando ouve as reclamações dos cônjuges. Foi assim com o cabeleireiro Robson Ramos dos Santos, de 29 anos, casado há três.
Para entrar em acordo com a mulher, eles montaram uma cama no quarto dos filhos para onde ela migra quando o ronco dele a incomoda demais. “Agora já marquei os exames, vou fazer tratamento para ver se resolve”, conta Robson.
A boa notícia é que ronco tem cura. Em pequeno grau, o incômodo pode ser
solucionado com emagrecimento ou o uso de aparelhos que são colocados na boca para tração da mandíbula e dos músculos, facilitando a abertura das vias de respiração. “Mas tem que ser feito em dentista especializado em sono,
senão pode piorar o quadro”, esclarece Luciene.
Já em outros casos, como o de amídalas grandes ou problemas nasais, só uma cirurgia resolve o problema.
Atenção redobrada
É preciso ficar atento, pois o ronco pode também ser sintoma de algo mais grave: a apnéia do sono. Trata-se de um problema nas vias respiratórias com interrupção ou diminuição da respiração, que provoca queda do oxigênio no sangue e faz a pessoa acordar várias vezes durante a noite. É mais comum em homens a partir da meia idade, pois com o passar dos anos, a musculatura da garganta fica mais flácida. Também costuma atingir pessoas obesas.
O problema atrapalha o sono, pode elevar a pressão arterial e, a longo prazo, gera até doenças cardiovasculares. “Hoje, já se pode dizer que a apnéia não é tão
inofensiva. Há até estudos que ligam o mal à ocorrência da diabete”, completa a
pneumologista.
Em casos mais simples da patologia, a instalação de um aparelho chamado CPAP (Pressão Positiva Contínua nas Vias Aéreas) pode resolver, pois ele provoca a abertura da vias aéreas. Mas, aparelhos como esses custam a partir de R$ 1.000, gasto que dificilmente será coberto pelos planos de saúde. (A.M.)
F.Uni
