O modelo de desenvolvimento do Brasil vem flertando com o século XIX: o fantasma da desindustrialização ressurge e o país parece contente como fornecedor de matérias-primas. Apesar disso, nunca se falou tanto em "inovação". Só na Folha o termo apareceu 776 vezes em 2011 contra 355 em 2005. O tema está na pauta.
Enquanto falamos, outros países fazem ações concretas. A cidade de Nova York acaba de anunciar a conclusão do impressionante processo para criação de um instituto de ciências aplicadas. O vencedor foi um consórcio da universidade de Cornell com a israelense Technion (Columbia e Stanford foram derrotadas). O projeto é de US$2 bilhões e quer transformar o pouco conhecido bairro de Roosevelt Island (onde funcionou uma prisão e um hospital de varíola) em competidor do Sillicon Valley.
O Japão segue a mesma linha. Em novembro de 2011 inaugurou o Instituto de Ciência e Tecnologia de Okinawa. Liderado por cinco prêmios-Nobel, aboliu "departamentos". A ideia é a mistura: especialistas de áreas diversas trabalham juntos. Quer colocar o Japão de volta ao trilho tecnológico.
Os projetos impressionam, mas têm um ponto fraco. Ainda falta criar no mundo um centro de inovação tecnológica voltado para a base da pirâmide: os 5 bilhões de pessoas que não têm dinheiro para comprar Apple, mas nem por isso vão deixar de consumir e se beneficiar da tecnologia. É aí que está o futuro do consumo tecnológico e onde a inovação é pouco explorada. Os mercados no topo da pirâmide estão saturados (e vão ficar ainda mais com as duas novas instituições). É uma oportunidade para o Brasil liderar e incluir a tão falada inovação no seu modelo de desenvolvimento.
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