O vendedor Ringo de Azevedo Duarte, de 23 anos, continua internado em estado grave no Pronto Socorro de Várzea Grande. Ele foi um dos atores coadjuvantes num arremedo de tragédia grega que deixou um saldo de dois mortos e um ferido grave no bairro Asa Bela. Ringo Duarte foi baleado no abdômen, anteontem a tarde, pelo office-boy Wagner da Silva Coelho, de 21 anos, que assassinou a ex-esposa, Jussandra Alves de Paula, de 21 anos, e depois se matou com um tiro na cabeça.
A tragédia ocorrida em frente a uma creche do bairro Asa Bela, em Várzea Grande, teve mais um detalhe de crueldade, pois foi presenciada pela própria filha de Jussandra, uma menina de apenas cinco anos de idade, que a mãe fora buscar depois do trabalho diário.
No mesmo dia, Ringo foi submetido a uma intervenção cirúrgica e seu estado de saúde é considerado grave. Segundo o último boletim médico, seu estado inspira cuidados.
O crime passional (envolvido em paixão) ocorreu às 17h10min, no momento em que Jussandra e seu namorado, Ringo Duarte, buscavam a filha na creche. Testemunhas do assassinato revelaram que Wagner chegou numa motocicleta e estacionou próximo ao casal. Em seguida, desceu do veículo e começou a atirar contra eles, sem qualquer aviso. Mesmo baleado no abdômen, Ringo empreendeu fuga do local e pediu socorro em outro quarteirão.
Jussandra de Paula também tentou correr, mas caiu na calçada. Em seguida, foi novamente alvejada, desta vez na cabeça. “Ele (Wagner) olhou a mulher caída e, em seguida, sentou-se e atirou contra a própria cabeça, caindo com o revólver na mão”, disse uma mulher que passava pelo local. Os tiros foram disparados no momento em que dezenas de pais buscavam os filhos na escola, provocando o pânico nas pessoas.
Na sexta-feira, Jussandra tinha registrado queixa contra Wagner na Delegacia Regional de Várzea Grande. Ela esteve na Delegacia, por volta das 18h30min, e no seu relato consta que Wagner a espancou junto com o filho de um ano de idade. Como ela não fez exame de corpo de delito naquela data, retornou à Regional na segunda-feira, ocasião em que deixou marcado o depoimento para ontem.
“Não foi possível ouvi-la antes. Na queixa preliminar feita sexta-feira, ela reclama da agressão do ex-marido, de quem havia se separado por causa da briga”, explicou o delegado Luiz Fernando da Costa, que acumula o setor de atendimento de crimes contra a Mulher e Idosos. Temendo ser agredida novamente, Jussandra optou por não acionar a Polícia Militar que prenderia Wagner na hora, limitando-se apenas a registrar uma ocorrência.
Conforme declaração dos policiais, o casal morava há nove meses no bairro Jardim Eldorado. Na segunda-feira de manhã, Jussandra chegou assustada na creche. Temia que o ex-marido tomasse-lhe a filha. Por isso, recomendou que somente ela iria buscar a menina.
“Ela (Jussandra) veio trazer a filha e disse que, em hipótese alguma, a entregássemos para outra pessoa que não fosse ela. Tinha medo do ex-marido (Wagner) vir buscá-la e sumir com a menina”, explicou a diretora da creche, professora Aparecida Godinho.
