Mais dois ex-deputados estaduais entraram na lista dos possíveis parlamentares que receberam “mensalinho” durante os governos Dante de Oliveira (1994/2002), Blairo Maggi (2003/2010) e Silval Barbosa (2010/2014), para que apoiassem os projetos de interesse do Executivo estadual. Hermínio J. Barreto (PR) e Joaquim Sucena (PFL) também aparecem nos documentos e registros da Assembleia Legislativa (ALMT) e que foram revelados pelo ex-deputado José Riva em depoimento à juíza Selma Arruda no dia 31 de março, no Fórum de Cuiabá.
Barreto e Sucena também assinavam periodicamente os relatórios e registros de materiais para escritório que os deputados nunca recebiam, como aponta documentos de registros de entrada de materiais gráficos que estão nos autos do processo.
O valor da "mesada", segundo o depoimento de Riva, variava entre R$ 15 mil a R$ 30 mil. Desse valor, 70% era entregue em dinheiro e outros 30% em cheques, que eram depositados nas contas de assessores, terceiros e algumas vezes até na conta do próprio deputado.
O esquema iniciava no setor de patrimônio do Legislativo, que era avisado de que os materiais seriam entregues diretamente no gabinete de cada deputado. Com base nas informações das licitações, que o setor patrimonial elaborava os documentos de entrada e saída dos materiais e entregavam para que cada deputado assinasse.
As revelações trazidas por Riva já haviam sido divulgadas em partes pelo ex-deputado estadual Maksuês Leite, que em depoimento realizado no dia 23 de novembro de 2015 referente a Operação Ventríloquo, disse a Juíza Selma Arruda que entre 2007 e 2010 a Mesa Diretora da Assembleia pagava R$ 30 mil mensais a ele, "por fora", para bancar despesas de gabinete.
Maksuês disse na época que o ex-secretário-geral da Assembleia Ademar Adams era responsável por entregar os R$ 30 mil. "Não tive contato com Riva. Apenas no início do mato, quo ele explicou que Edemar iria resolver essa questão dos R$ 30mil", disse.
No entanto, o ex-deputado negou que esse dinheiro teria o objetivo de "comprar apoios" em votações de projetos que tramitavam no Poder Legislativo.
A reportagem entrou em contato com o ministério Público Estadual (MPE) para saber se existe algum tipo de investigação relacionado a confissão de Maksuês Leite que diz ter recebido por quatro anos R$ 30 mil mensais por fora do que era destinado aos deputados. Porém, até o fechamento desta edição não obtivemos resposta.
Outro lado – O ex-deputado estadual Joaquim Sucena (PP), que atualmente pertence ao conselho do Fundo de Assistência Parlamentar (FAP) do Parlamento estadual, negou que tenha recebido qualquer "mesada" por fora ou ouviu falar sobre o esquema.
"Eu quero que o ex-deputado esclareça isso de uma vez. Porque eu era oposição ao governo Dante de Oliveira, que segundo ele o mensalinho foi montado no governo Dante. Então como oposição não tinha porque me oferecerem isso, se é que existiu. Muito menos tem como eu saber se existiu por ser da oposição. Então estou tranquilo quanto a isso", disse Sucena.
Já o ex-deputado estadual Hermínio J. Barreto (PR), que atualmente voltou as suas funções de servidor público da Secretaria de Estado de Fazenda (Sefaz), diz desconhecer qualquer fato sobre o assunto e que prefere só se pronunciar quo tiver acesso à toda investigação.
"Eu desconheço esse assunto e por isso nem posso falar. Para falar eu teria que ver do que se trata. Eu respeito muito o deputado Riva, mas eu não sei do que se trata", afirmou Barreto.
Com os dois novos nomes a lista subiu para 35 a lista dos que teriam recebido mensalinho: Zé Domingos, Mauro Savi, Pedro Satélite, Sebastião Rezende, Gilmar Fabris, Wagner Ramos, Guilherme Maluf e Adalto de Freitas (todos atuais deputados estaduais); Campos Neto e Sérgio Ricardo (ambos atuais conselheiros do Tribunal de Contas do Estado); Silval Barbosa, Carlos Brito, Dilceu Dal’Bosco, Chica Nunes, Carlão Nascimento, Alencar Soares, Renê Barbour, Zeca D&39;Ávila, José Carlos de Freitas, Eliene Lima, Wallace Guimarães, Percival Muniz, Nataniel de Jesus, Humberto Bosaipo, João Malheiros, Nilson Santos, Juarez Costa, Maksuês Leite, Walter Rabello, Ademir Brunetto, Chico Galindo, Antônio Brito, Joaquim Sucena, Hermínio J. Barreto e Riva.
Já os nomes dos então deputados Ságuas Moraes (agora deputado federal/PT), Zé Carlos do Pátio (atual prefeito de Rondonópolis/SD), Chico Daltro (ex-vice-governador/PSD), Vera Araújo (PT) e Otaviano Pivetta (ex-prefeito de Lucas do Rio Verde/PSB) não aceitaram o ‘mensalinho’. (PR)
Fonte:Diario de Cuiabá