Rice encerrou quatro dias de visitas à região sem apresentar sinais de avanços nem confirmar a data da conferência, maior investimento de Washington no processo de paz nos últimos anos.
O presidente palestino, Mahmud Abbas, avisou Rice que os palestinos podem desistir da conferência caso fracassem as negociações com Israel a respeito de um documento-base.
“É impossível ir à conferência a qualquer preço”, disse Abbas a jornalistas. “Dissemos à secretária Rice que não temos muito tempo, que precisamos usar cada minuto.”
Em entrevista coletiva ao lado da chanceler israelense, Tzipi Livni, Rice prometeu que a conferência, prevista para novembro ou dezembro em Annapolis, no Estado norte-americano de Maryland, será substancial. “Não espero que ninguém compareça a qualquer preço, inclusive nós”, acrescentou.
Abbas quer que o documento-base trate detalhadamente das principais questões do conflito – definição das fronteiras, do status de Jerusalém e do futuro dos refugiados palestinos.
Israel quer um documento em termos amplos e rejeita a adoção de um cronograma para a negociação e implementação de um acordo, como quer Abbas.
“Estamos no início do processo”, admitiu Rice, dizendo que o “dia seguinte” à conferência pode abrir espaço para a retomada do processo de paz.
“Se nos empenharmos ao longo do processo, se nos empenharmos em resolver essas questões, acho que temos uma chance razoável de sucesso em avançar rumo a dois Estados que convivam lado a lado em paz e liberdade.”
Livni disse que Israel quer “alcançar um entendimento sobre o terreno comum mais amplo possível no tempo disponível” e que o país está disposto a ceder – embora ela não tenha dito em quê.
“Esperamos descobrir a mesma disposição no lado palestino.
A idéia é não criar expectativas que possam levar a frustração e violência, porque precisamos aprender as experiências prévias,” afirmou.
A violência entre palestinos e israelenses cresceu muito após o rompimento do processo de paz em 2000.
Antes das reuniões de quarta-feira, Rice esteve na igreja da Natividade, em Belém, na Cisjordânia ocupada, onde acendeu uma vela e manifestou a esperança de que as religiões promovam a reconciliação no Oriente Médio.