É esperado para esta terça-feira o depoimento do presidente licenciado do PT e deputado federal Ricardo Berzoini, na Polícia Federal (PF), em relação à compra, por R$ 1,7 milhão, do Dossiê que prejudicaria candidatos do PSDB. A PF investiga a origem deste dinheiro, apreendido em São Paulo com Gedimar Pereira Passos, ex-policial federal, e Valdebran Padilha, filiado ao PT do Mato Grosso. Gedimar e Valdebran foram pegos pela PF dia 15 de setembro em um quarto de hotel na capital paulista à espera do emissário do empresário Luiz Antônio Vedoin, chefe da máfia das Sanguessugas e sócio da Planam.
Berzoini deveria ter sido ouvido pela PF na sexta-feira passada, mas por ter foro privilegiado mudou de data e optou por comparecer esta semana. A ligação do deputado com o escândalo do dossiê se dá pelo fato de que seu ex-secretário no Ministério do Trabalho Oswaldo Bargas e Jorge Lorenzetti, analista de mídia e risco do PT, teriam procurado a revista Época para entrega do dossiê.
O afastamento de Berzoini do comando do partido se deu justamente por conta do suposto envolvimento com este escândalo. Investigações da PF dão indícios iniciais de que o deputado petista tinha conhecimento da compra de documentos, por membros do partido, que relacionava o tucano José Serra, governador recém-eleito no Estado de São Paulo, com a compra de ambulâncias da máfia das Sanguessugas. Ainda não está confirmado, porém, que Berzoini fosse o mandante da compra do Dossiê.
O ex-assessor especial da Presidência Freud Godoy e o ex-coordenador de comunicação da campanha de Aloizio Mercadante ao governo do Estado de São Paulo, Hamilton Lacerda, também foram indicados como envolvidos no caso do Dossiê. Os petistas Lacerda e Lorenzetti solicitaram a desfiliação do PT, mas mesmo assim os dois, e ainda Oswaldo Bargas e Expedito Veloso, também envolvidos, foram expulsos do partido pela Executiva Nacional.
CPMI das Sanguessugas
A CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) deve receber ainda esta semana todas as informações dos dois inquéritos conduzidos pela PF de Mato Grosso. Um deles envolve a suposta tentativa de compra por petistas do dossiê. O outro investiga a participação do governo anterior no esquema de superfaturamento de ambulâncias.
A PF teve acesso, por determinação judicial, aos cadastros de 750 números telefônicos que receberam ligações dos ex-membros do PT – Veloso, Padilha, Lorenzetti, Lacerda, Passos e Bargas – acusados no envolvimento da negociação da compra do dossiê. Entre esses números, estariam telefones de órgãos públicos. A Justiça Federal já determinou que os órgãos identificados indiquem os responsáveis e usuários das linhas.
fonte:us