O equipamento chega a retirar uma média mensal de 10 toneladas de lixo do rio
O serviço de coleta fluvial foi implantado em junho de 2019 com a missão de contribuir para a limpeza e preservação do Rio Cuiabá. Executado por meio da Balsa Ecológica, a ação chega a retirar uma média mensal de 10 toneladas de lixo, somando os materiais recolhidos tanto na margem quanto no leito. O número é avaliado como positivo pela Prefeitura de Cuiabá e, conforme relato de ribeirinhos e trabalhadores da coleta, se confirma na prática.
O equipamento possui mais de 7 metros de comprimento, 3 metros de largura, e percorre diariamente um trecho de aproximadamente cinco quilômetros situado entre a Ponte Nova e a comunidade São Gonçalo Beira Rio. A equipe de operação é formada por três pessoas e uma delas é o coletor Bruno José Monteiro da Silva. Bruno destaca que essa é uma das melhores atividades ligadas a área de limpeza já implantada na Capital.
Segundo ele, antes de fazer parte da equipe, sua visão era de um rio extremamente poluído e de difícil recuperação. Todavia, ressalta que agora essa situação está começando a mudar, por conta da Balsa Ecológica. Apesar de ainda estar longe do ideal, Bruno considera que o fato da iniciativa conseguir alcançar todos os lugares do rio cria um sentimento de esperança em vê-lo cada vez mais limpo.
“Quando chove aparece uma maior quantidade de lixo e o nosso trabalho é ainda mais intenso. Normalmente, recolhemos muito isopor, garrafas, latas e até animais mortos. Infelizmente, encontramos muitas coisas que não eram para estar no rio. É importante que esse cuidado não exista só da nossa parte, que temos essa função, mas também que outras pessoas ajudem a manter o rio limpo”, comenta o coletor.
Isaias José de Campos é ribeirinho, mora na região há mais de 65 anos e, conforme narrado, essa é a primeira vez que está vendo a execução de um trabalho diário voltado para a limpeza do Rio Cuiabá. O pescador lembra que o lixo jogado no Rio Cuiabá prejudica diretamente todo o meio ambiente, especialmente a sobrevivência dos peixes, já que a poluição atrapalha o processo de oxigenação da água.
“Mas, com a Balsa Ecológica fazendo essa limpeza todos os dias, melhorou muito essa situação. O lixo não fica mais rodando ou enganchado nos Sarã. Os rapazes vão até o meio do rio para catar o lixo e isso é ótimo. A limpeza ajuda até no aparecimento de peixes. Por isso, meu desejo é que a Prefeitura continue realizando esse trabalho, pois ajuda o meio ambiente e a população”, evidencia o ribeirinho.
Para Eliomar Rodrigues dos Santos, que exerce há um ano a função de auxiliar de convés, a percepção é de que, além de sua função principal, a balsa tem conseguido alcançar outro objetivo importante, que é a conscientização da população ribeirinha. Ele conta que no início sentia certo receio desse público quanto à execução do serviço, que acreditava que a balsa atrapalharia a pesca.
“Com o tempo, perceberam que, na verdade, estamos é ajudando e passaram a nos auxiliar com a coleta. Agora, eles também recolhem o lixo da margem do rio e quando veem a balsa passando nos chama para entregar o material. Outras vezes, eles mesmos chamam a atenção das pessoas que são de fora e deixam lixo na beira do rio. Ou seja, agora há essa sintonia, eles nos ajudam e nós também os ajudamos”, explica.
No entanto, Eliomar salienta que, para que o trabalho produza resultados cada vez mais positivos, é preciso que essa conscientização não seja uma exclusividade dos ribeirinhos. “Ela tem que existir também na população que mora mais distante, mas que joga o seu lixo na rua. No fim, esse lixo vai ser desovado no rio e isso é muito triste. Temos uma imensa beleza natural que é prejudicada pela falta de conscientização. Então eu peço para a população cuiabana que nos ajude a salvar nosso rio”, pontua o auxiliar de convés.
*Matéria com a colaboração de José Ferreira (cinegrafista)