Duas séries de TV, dois longa-metragens, um disco e vários shows com uma banda. Ainda assim, teve quem dissesse que Nanda Costa vivia um período sabático desde seu último trabalho na Rede Globo, em 2015, como uma vilã socialite em Malhação. Ela mesma cai numa gargalhada irônica quando fala das notícias que leu: “As pessoas acham que, só porque não estamos na TV aberta, não estamos trabalhando… Esse tempo que fiquei ?fora do ar? produzi pra caramba. E vai ser tudo lançado agora. Volto com frescor. Foi um período sabático pra quem?”.
Em tempo: as séries são Romance Policial ? Espinosa, do GNT, e Natureza Morta, do canal CineBrasil TV; os filmes, Partiu, Paraguai, de Daniel Lieff, e A Costureira e o Cangaceiro, de Breno Silveira, ambos com estreia prevista ainda em 2017; e a banda é Batida Nacional, na qual divide os palcos com o DJ DeepLick e a percussionista Lan Lan. E agora Nanda volta às novelas como uma das protagonistas de Pega Pega, no ar a partir de 6 de junho, às 19h, na Globo.
Para se entregar à Sandra Helena, a camareira de Pega Pega que se envolve em um roubo no hotel onde trabalha, a atriz pintou o cabelo de loiro, num tom que tem um quê de mal cuidado, e colocou aplique ? o visual está diferente daquele de mocinha de novela. “Quanto mais distante ficar da minha personalidade, mais caminho tenho para encontrar a personagem. Até as pessoas mexendo na rua, as brincadeiras, os comentários, a música ?Essa mina é louca? na trilha sonora, vão dando a autoestima importante para a personagem. Para mim, cabelo e sapato são coisas que me ajudam muito, porque é o jeito que pisa e a moldura do rosto. Estou trabalhando uma coisa totalmente nova, comecei a rir disso”, conta.
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Se na tela da TV e do cinema, e ainda mais nas fotografias ? como as que você vê neste ensaio exclusivo ?, Nanda cresce, fica um mulherão, pessoalmente ela é uma mulher mignon, linda, que cativa pelo jeito forte de falar ao mesmo tempo em que solta um sorriso doce de menina num bocão de lábios grossos. Quando fez seu primeiro ensaio sensual, para a Trip em 2010, ela era uma garota tímida. Três anos mais tarde, ficou nua pelas ruas de Cuba, em um dos ensaios mais quentes e marcantes da revista Playboy.
Hoje, aos 30, Nanda está se sentindo mais segura, muito mais madura e confortável para tirar a roupa com naturalidade. É isso que atrai Jorge Bispo, que a escolheu para estrear sua coluna aqui na Trip. “Nanda é um encontro relativamente recente, mas foi empatia imediata. Depois que fotografamos a primeira vez, não paramos. Ela tem tudo o que eu gosto, a entrega e a simplicidade, sem se preocupar demais.”
Tal qual Nanda, Bispo faz sempre muitas coisas ao mesmo tempo ? acaba de filmar a quarta temporada do programa 302 (estreia dia 30 de junho no Canal Brasil), em que o fotógrafo recebe em seu apartamento mulheres dispostas a tirarem a roupa para um projeto artístico e minimalista, e, em julho, ele lança a quarta edição de sua revista, a #4, com 70 fotos da atriz Maria Ribeiro. “Tento fazer com que entendam que existe sexualidade e sensualidade na simplicidade. As pessoas estão ali, entregues, com vontade de fazer algo diferente.”
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Vira e mexe, Bispo encontra com Nanda para fotografar em sua casa no Rio de Janeiro e afirma que ela acredita mais na arte do que no hype. “É o tipo de atriz que eu gosto de trabalhar. É incrível porque ela se joga, não tem rede de segurança”, diz. “Não sou mais tímida. Que bom que a gente vai mudando. Hoje fiquei mais cara de pau”, brinca a atriz.
O cineasta pernambucano Cláudio Assis disse para a Tpm, em 2012, que Nanda é um tesão de mulher. Ele a dirigiu em A febre do rato, de 2011, um dos filmes mais marcantes da carreira da atriz nascida em Paraty. Para o filme, aos 25 anos, Nanda cortou os cabelos desafiando e contrariando o diretor, contracenou em diversas cenas de nudez e masturbação, e fez xixi nas mãos do personagem de Irandhir Santos. Em 2009, ela havia protagonizado o filme Sonhos roubados, de Sandra Werneck, sobre prostituição infantil. Os dois trabalhos lhe renderam prêmios em diversos festivais de cinema e garantiram o convite para viver Morena, a protagonista da novela Salve Jorge, de Glória Perez, que abordou o tráfico internacional de mulheres e a colocou definitivamente no hall da fama da televisão brasileira em 2012.
Mesmo assim, com toda essa trajetória de papéis intensos e a evidente coragem para se expor, Nanda fica encabulada quando tem que responder se ela mesma se acha um tesão de mulher: “Não quero achar essas coisas de mim, não. As outras pessoas é que têm que achar?(risos).”
GABRIELA BORGES