quinta-feira, 21/11/2024
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Réus do grupo de Valério já se preparam para prisão

Com as condenações anunciadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no julgamento do mensalão, réus do chamado "núcleo publicitário", ligados ao empresário Marcos Valério Fernandes de Souza, já se preparam para uma possível prisão.

As 27 sessões de julgamento feitas até agora resultaram na condenação de dez réus. A definição da pena de cada um só vai ocorrer no final.

O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, pede a prisão imediata dos condenados, mas a questão será debatida pelos ministros.

No dia 14, um dia depois de ser condenada por lavagem de dinheiro, Simone Vasconcelos, ex-gerente financeira da SMPB (empresa de Valério), se reuniu com o advogado em Belo Horizonte.

Nervosa e chorando muito, quis saber detalhes de uma eventual prisão, que poderá ser cumprida na Penitenciária Feminina Estevão Pinto, em Belo Horizonte.

Simone quis saber se poderá ver os filhos e o neto, por exemplo. Se poderá trabalhar fora da cadeia, num regime semiaberto, ou dentro dela.

A tensão por parte de Simone aumentou depois do vazamento da pena sugerida pelo relator Joaquim Barbosa só para este crime: sete anos e sete meses de prisão, mais multa de pelo menos R$ 225 mil, dinheiro que ela alega não ter. Simone ainda será julgada por corrupção ativa e formação de quadrilha.

Numa conversa com a Folha, afirmou que muito do que disse em sua defesa foi "deturpado" ou ignorado no julgamento do STF.

"É triste demais o que estou passando, um transtorno enorme. Estamos no meio de um tiroteio, se dou um espirro pode ser interpretado do jeito que está lá sendo feito", disse. Ela alega, na defesa, ter cumprido ordens de Valério, sem conhecer o esquema.

Rogério Tolentino, 62, ex-sócio e advogado de Valério, foi condenado por lavagem dinheiro e ainda será julgado por formação de quadrilha e corrupção ativa. A pena sugerida por Barbosa, no primeiro crime, é de dez anos, mais multa de R$ 625 mil.

"Vou chorar? Bater a cabeça? Vou reclamar com bispo? Você tem que centrar [na cadeia], o cara centra e pensa: isso vai acabar uma hora. Estudei em colégio interno".

Tolentino é acusado de usar sua empresa para obter empréstimo de R$ 10 milhões para o esquema. Diz que só atendeu a pedido de Valério.

"Estamos no meio de uma guerra. A nuvem negra está aí. Enquanto tiver recurso, vou recorrer", disse. "Se não tivesse mensalão, que crime cometi? 'Porrica' nenhuma."

Toda semana, o publicitário Cristiano Paz, 60, e sua mulher se reúnem com um grupo de amigos para estudos bíblicos em BH. Ele deixou de assistir ao julgamento depois que foi condenado por corrupção ativa, peculato e lavagem. A pena sugerida pelo relator, só para o último crime, é de dez anos.

Paz era um dos três sócios da SMPB e assinou alguns dos cheques dos empréstimos do mensalão. Alega que não sabia das tratativas políticas de Valério com o PT.

Ele analisa com a família como ficarão os negócios caso vá para a cadeia. "Tento mantê-lo otimista. Confio plenamente que sua conduta será examinada com critério [na definição da pena]", diz o advogado, Castellar Guimarães.

Paz montou com o filho a Filadélfia Propaganda, hoje uma das maiores agências de Minas Gerais, que não tem contrato público.

LEANDRO COLON
uol

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Parmenas Alt
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