A Comissão de Direitos Humanos do Senado serviu, nesta quinta-feira, de palanque para as ofensas de um funcionário de um governo estrangeiro contra o Poder Legislativo brasileiro. Convidado pelo senador petista Lindberg Farias para fazer propaganda do governo de Nicolás Maduro, o chavista Tarek Willian Saab, que tem o cargo de "defensor do povo" na Venezuela, ofendeu os parlamentares brasileiros chamando-os de covardes e antidemocráticos.
Saab queixou-se de um voto de censura ao governo da Venezuela aprovado nesta terça feira, dia 5, pelo Plenário do Senado. A moção condena as prisões políticas realizadas contra líderes políticos críticos ao governo chavista. Segundo Saab, "quem fala de democracia tem que demonstrar".
A provocação veio acompanhada de uma série de ofensas contra os senadores. "Fizeram um voto contra a Venezuela. E não ouviram o representante do Estado Venezuelano, que sou eu. Alguns poderiam qualificar essa atitude de covarde, mas eu qualificaria como antidemocrática e contra os direitos humanos", disse o venezuelano. Ele também acusou os senadores brasileiros de se apropriarem de uma questão externa para fazer uso político em disputas domésticas. "Isso é no mínimo antiético", disse Saab.
O chavista veio ao país em uma contraofensiva à visita de Lilian Tintori, mulher do ex-prefeito de Chacao Leopoldo López, e Mitzy Capriles, esposa do prefeito de Caracas Antonio Ledezma, que vieram ao Brasil como parte de uma série de viagens em busca de apoio internacional pela libertação de seus maridos, que seguem presos sem julgamento por fazerem oposição ao governo de Maduro.
Com o apoio de parlamentares do PT e PSOL, Saab esperava ofuscar a passagem das venezuelanas pelo Brasil, mas a sua fala no Congresso foi um fiasco. Apenas uma claque de militantes assistiu à sessão. Isso explica porque nenhum dos senadores presentes indignou-se contra a afronta. "Infelizmente esta audiência foi esvaziada", lamentou o senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP).
Para um embaixador brasileiro, Saab afrontou o Congresso e não pode ficar sem uma resposta ofical. "No mínimo, o Senado Federal deve aprovar uma outra moção de repúdio", diz o diplomata. "Essa fala do Saad é reveladora e mostra como o governo chavista lida com as instituições".
Por Leonardo Coutinho Site Veja