O premiê do Reino Unido, Tony Blair, afirmou nesta terça-feira que espera que o impasse em torno dos 15 marinheiros britânicos detidos na sexta-feira (23) pelo Irã seja resolvido de forma diplomática, mas disse estar preparado para entrar em uma “nova fase”.
O Irã acusa os 15 marinheiros de terem violado propositalmente as águas iranianas, em uma “clara agressão” ao país. O Reino Unido nega dizendo que os marinheiros realizavam uma inspeção de rotina em águas do Iraque na região do canal de Shatt al Arab, localizado na fronteira sul entre Irã e Iraque.
“Eu espero que eles [o governo iraniano] perceba que têm de libertá-los”, afirmou Blair em entrevista à rede GMTV. “Mas caso isso não aconteça, isso entrará em uma nova fase”.
Questionado sobre o que isso significaria, Blair evitou fornecer detalhes, mas disse que não se pode aceitar que britânicos sejam detidos “quando realizavam uma patrulha de rotina em águas territoriais iraquianas de forma legal, de acordo com mandato da ONU”.
O porta-voz de Blair negou que o premiê considere a possibilidade de expulsar os diplomatas iranianos do Reino Unido, ou de lançar uma ação militar contra o Irã. “Nós queremos resolver essa questão rapidamente e sem entrar em confronto público com Teerã. Mas se não pudermos resolver com rapidez, teremos que ser mais explícitos”, afirmou o porta-voz.
Blair descartou a possibilidade de a ação de Teerã ser uma retaliação à prisão de cinco iranianos por forças americanas no Iraque. “São duas situações totalmente distintas”, disse.
Forças americanas no Iraque detiveram recentemente cinco iranianos em um escritório em Irbil, a capital da região autônoma do Curdistão, no Iraque. Os iranianos são acusados de fornecer armas e dinheiro a insurgentes que atuam no país.
Segundo Blair, a grande questão é se o governo iraniano “seguirá ou não a lei internacional”.
Tratamento
Nesta terça-feira, o Irã afirmou que os 15 marinheiros estão “bem” e recebem “tratamento adequado”. “Eles estão em boa saúde e foram tratados de acordo com os direitos humanos”, afirmou . Mohammad Ali Hosseini, porta-voz do Ministério iraniano de Relações Exteriores.
Em declarações dadas em Ancara, a ministra britânica das Relações Exteriores, Margaret Beckett afirmou: “Se eles estão sendo bem tratados, não vemos por que eles não podem manter contato com o governo britânico para que possam acalmar suas famílias e amigos, que estão apreensivos a respeito de seu paradeiro e condições”, afirmou.
O Reino Unido e o Irã viveram um incidente similar em 2004, quando o regime de Teerã manteve detidos durante três dias oito militares britânicos acusados de entrarem de forma ilegal em águas territoriais do Irã no golfo Pérsico. Na época, o Reino Unido negou a invasão.
Além da crise diplomática, o caso também fez crescer as tensões em torno do programa nuclear iraniano. O Conselho de Segurança da ONU aprovou mais sanções contra o Irã no sábado (24). Reino Unido e EUA também acusam o país de fomentar a violência no Iraque.
Demonstração de força
Nesta terça-feira, a Marinha americana lançou uma ampla demonstração de força no golfo Pérsico, com o uso de navios de guerra e aviões militares que simulam manobras de ataque próximas da costa do Irã.
O comandante da Marinha Kevin Aandahl negou que as manobras tenham relação com a captura do grupo de marinheiros britânicos, ou que tenham a intenção de intimidar o Irã.
De acordo com Andahl, os navios ficarão fora das águas territoriais iranianas.
No total, os exercícios militares envolvem 10 mil homens em navios e aviões militares que simulam ataques a aviões e navios inimigos, caça a submarinos inimigos, entre outras ações.
“Os exercícios estão senfo feitos pela nossa estabilidade regional e de segurança”, disse Aandahl. “É isso que significa. Se há um efeito desestabilizador, é o comportamento do Irã”.
FOL