O Índice FIRJAN de Desenvolvimento Municipal (IFDM), criado pela Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (FIRJAN) para acompanhar a evolução dos 5.565 municípios brasileiros, revelou em sua 6ª edição que a região Centro-Oeste é a terceira mais desenvolvida do país, já que possui 77,9% dos seus municípios com IFDM superior a 0,6 ponto, percentual próximo ao observado no Sudeste.
A região tem reduzido suas diferenças em relação às duas regiões líderes no estudo (Sul e Sudeste), por conta dos avanços no mercado de trabalho via ascensão do agronegócio, e das melhorias na Educação e na Saúde. O IFDM destaca ainda que o Centro-Oeste não possui cidades com baixo nível de desenvolvimento.
Com recorte municipal e abrangência nacional, o IFDM avalia as condições de Educação, Saúde, Emprego e Renda de todos os municípios brasileiros. O índice varia de 0 (mínimo) a 1 ponto (máximo) para classificar o nível de cada cidade em quatro categorias: baixo (de 0 a 0,4), regular (0,4001 a 0,6), moderado (de 0,6001 a 0,8) e alto (0,8001 a 1) desenvolvimento.
Os resultados obtidos têm base em informações oficiais dos ministérios da Educação, Saúde, Trabalho e Emprego. Nesta edição foram utilizados os dados de 2011, o que permite a comparação do desenvolvimento dos municípios com o ano de 2010 – último ano da primeira década do século XXI. A metodologia foi aprimorada para captar os novos desafios do desenvolvimento brasileiro. O principal incremento foi situar o Brasil no mundo, com base em padrões de desenvolvimento encontrados em países mais avançados.
No ranking do estado de Mato Grosso, a cidade de Lucas do Rio Verde ocupa a primeira posição com IFDM 0,8839, seguida de Primavera do Leste e Sinop, todas com alto nível de desenvolvimento. Lucas do Rio Verde é ainda a 14ª colocada no ranking nacional. Nesta edição do IFDM, o estado não possui cidades com baixo desenvolvimento. A última posição no ranking é ocupada por Campinápolis, com IFDM 0,4566.
No Mato Grosso do Sul, a cidade que se destaca no ranking estadual é Três Lagoas com IFDM 0,8232, seguida da capital Campo Grande – ambas de alto desenvolvimento –, e de Costa Rica, com nível de desenvolvimento moderado. O estado também não possui nenhum município de baixo desenvolvimento. O último colocado é Tacuru, com 0,4027 ponto.
Em Goiás, o município de Itumbiara se destaca na 1ª posição do ranking estadual, com 0,8252 ponto, seguido de Rio Verde e Catalão, todas de alto desenvolvimento. Não existem cidades com baixo nível de desenvolvimento, sendo Mimoso de Goiás a última colocada no ranking, com 0,4243 ponto.
No ranking das capitais brasileiras, Goiânia está na 7ª colocação, com IFDM 0,8133, Campo Grande está em 8º lugar com 0,8080 e Cuiabá está na 10ª posição, com 0,8042. Já o Distrito Federal ocupa o 12º lugar, com IFDM 0,7693. Na comparação com o estudo anterior, destaca-se a evolução de Goiânia que ganhou três posições no ranking das capitais, com avanços nos indicadores de Educação e Saúde.
Brasil avança em Educação e Saúde e mantém nível de desenvolvimento moderado
Em um cenário nacional de desaceleração da geração de empregos e menor crescimento da renda, o IFDM revelou que a Educação e a Saúde foram os grandes destaques para que o Brasil mantivesse em 2011 o nível de desenvolvimento moderado observado na última década. O avanço nas duas vertentes fez com que o país atingisse 0,7320 ponto no índice, um crescimento de 1,8% na comparação com 2010.
O IFDM-Educação atingiu 0,7355 ponto em 2011 e foi o indicador que mais cresceu em relação ao ano anterior (3,9%). O crescimento ocorreu em 81% dos municípios e refletiu, principalmente, o aumento das notas do Ideb em 3.921 cidades (70,4% do total). O resultado fez com que a maioria dos municípios (54,8%) ficasse com desenvolvimento moderado nesta vertente, enquanto 25% atingisse o alto desenvolvimento. Ainda assim, 20% do país apresenta indicadores de educação regulares ou baixos.
O IFDM-Saúde cresceu 2,1% em 2011, atingindo 0,7387 ponto e com melhora no indicador em 65% dos municípios. Os resultados refletem a evolução de todas as variáveis que compõem o IFDM-Saúde, em especial do indicador de internações sensíveis à atenção básica, que teve um incremento de 3,6%. Analisando essa vertente, o número de municípios com alto desenvolvimento subiu de 1.415 para 1.583, com destaque para as regiões Sul e Sudeste. Apesar da melhora, o número de municípios com baixo desenvolvimento no IFDM-Saúde é dez vezes maior do que o observado no IFDM-Educação. Somente as regiões Norte e Nordeste reuniram 260 dos 303 municípios de baixo desenvolvimento nesta área.
Já o IFDM- Emprego e Renda foi o único que recuou em 2011, passando de 0,7261 para 0,7219 ponto (-0,6%). O número de municípios com alto desenvolvimento caiu de 124 para 97, enquanto o de municípios com baixo desenvolvimento aumentou de 1.624 para 1.686. Os dados refletem a desaceleração da economia brasileira naquele ano, quando o saldo de geração de postos de trabalho com carteira assinada foi 23% inferior ao registrado no ano anterior.
No resultado geral, 3.653 (66,7%) cidades iniciaram a nova década em situação melhor do que terminaram a passada, sendo que apenas 332 (6,0% do total) alcançaram o nível de alto desenvolvimento. No ranking nacional do IFDM, houve a predominância total de São Paulo nas 10 primeiras colocações. Neste grupo, praticamente todas as cidades apresentaram alto desenvolvimento nas três áreas analisadas. A primeira cidade colocada no ranking foi Louveira (SP), com 0,9161 ponto, seguida de São José do Rio Preto (SP), com 0,9156. Nas duas últimas posições do ranking nacional estão Santa Rosa do Purus (AC), com 0,2819 ponto, e Atalaia do Norte (AM), com 0,2916 ponto.
Entre as capitais brasileiras, Curitiba (PR) ocupou novamente o topo do ranking, enquanto São Paulo (SP) e Vitória (ES) alternaram suas posições. A capital paulista assumiu a segunda colocação por manter um bom desempenho na vertente Emprego e Renda, indo na contramão das demais capitais que, em grande maioria, apresentaram recuo na geração de empregos. Estas três cidades e Palmas (TO), quarta colocada no ranking das capitais, integram o rol dos 100 maiores IFDMs do Brasil.
Nível de desenvolvimento ainda é desigual no país
Os níveis de desenvolvimento encontrados nos municípios brasileiros continuam dividindo o Brasil em dois. De um lado estão as regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste, que possuem 60% das cidades brasileiras e dominaram os 500 maiores IFDMs do país, com 98,6% de participação. Do outro estão as regiões Norte e Nordeste, que respondem por 40% das cidades brasileiras e predominaram entre as 500 posições mais baixas do ranking, com 94,4% de participação.
O resultado aponta que o número de óbitos mal definidos dos municípios menos desenvolvidos é três vezes pior e a taxa de internações evitáveis por ação da atenção básica é quase o dobro da observada nos municípios mais desenvolvidos. Em Educação, as taxas de abandono escolar entre os 500 maiores IFDMs são dignas de países desenvolvidos, menores do que 1%, e contrastam com as taxas dos 500 menores, seis vezes piores. Outro ponto que ressalta a desigualdade entre as regiões é o contraste do mercado de trabalho, onde há municípios capazes de empregar formalmente mais de 40% da sua população em idade ativa e outros que não chegam a um décimo.
Levando em consideração o ritmo de desenvolvimento registrado no país desde 2005, considera-se que o grupo dos 500 piores IFDMs está 13 anos atrasados em relação aos padrões de desenvolvimento encontrados nos municípios que ficaram no topo do ranking. De acordo com o estudo, essas cidades menos desenvolvidas ainda não chegaram ao século XXI.
Nova metodologia para os desafios do século
Nesta edição, a metodologia do IFDM foi aprimorada. Além de situar o Brasil no mundo, foi feita a atualização de metas e parâmetros brasileiros, tornando 2010 o ano de referência para o estudo.
Entre as áreas de desenvolvimento, a Saúde ganhou o componente “Internação sensível à atenção básica”. O indicador acompanha as internações hospitalares que poderiam ter sido evitadas caso os serviços de atenção básica de saúde tivessem sido efetivos, como, por exemplo, as internações por anemia, hipertensão ou diabetes. Foram também incorporados parâmetros internacionais para as taxas de óbitos infantis e aumentadas as exigências com relação ao atendimento às gestantes e à identificação de óbitos.
Em Emprego e Renda foram introduzidos os conceitos “Desigualdade” e “Absorção da mão de obra local”. O primeiro indicador incorpora ao cálculo do IFDM o índice de Gini – medido a partir da remuneração dos trabalhadores com carteira assinada – e assim é possível avaliar a concentração da renda gerada no mercado de trabalho local. Já o conceito “Absorção da mão de obra local” mede a capacidade do município de absorver a população local, através da relação entre o estoque de trabalhadores com carteira assinada e a população em idade ativa. Nesta vertente, também foi substituída a variável salário pela massa salarial, de forma a captar a relevância econômica do município e o seu potencial de servir como vetor de desenvolvimento para outras cidades.
No IFDM Educação não houve inclusão de variáveis, mas sim a atualização dos parâmetros de desenvolvimento, que passaram a se basear no ano 2010, em metas de governo e em padrões internacionais. Dessa forma, foram reforçadas as exigências quanto à formação de professores e ao atendimento em creches e pré-escolas, bem como às taxas de abandono e de distorção idade-série.
Fonte: Firjan