Sensações que causam desconforto podem ser amenizadas com mudanças no comportamento diário
Azia, regurgitação e aquele gosto azedo na boca são sensações que causam desconforto e sinais de um possível diagnóstico de refluxo.
A cada três ou quatro horas o estômago produz uma maior quantidade de ácido para auxiliar na digestão dos alimentos e o refluxo acontece quando esse líquido escapa do estômago. Médico cirurgião e professor do curso de Medicina da Unic, Dr. Joaquim Spadoni explica como a ação acontece no organismo. “O refluxo é o retorno involuntário e repetitivo do conteúdo do estômago para o esôfago e é classificado de acordo com o seu grau de acidez, podendo ser mais ou menos agressivo. O mais comum é o tipo gastroesofágico, mas há também o laringofágico, que pode atingir a região das cordas vocais”, detalha.
Veja as características, sintomas e tratamento para cada uma das variações.
Refluxo gastroesofágico
Refluxo gastroesofágico é o retorno do conteúdo presente no estômago para o esôfago. “É importante ressaltar que algumas pessoas têm episódios de refluxo, mas nem sempre isso significa que há a doença. A reação pode estar ligada a uma situação pontual como um alimento ou atividade fora da rotina que provoque os sintomas. No entanto, quando há episódios repetidos que evolua inclusive para dores, é preciso acompanhamento médico para evitar lesões sérias no esôfago devida à exposição contínua de acidez”, destaca Spadoni.
Os sintomas mais clássicos são a azia (queimação) e regurgitação (retorno de conteúdo ácido ou com alguns restos alimentares). Já o tratamento envolve o uso de medicamentos que reduzam a acidez do suco gástrico, cicatrizando as lesões provocadas, e um medicamento para ajudar o esvaziamento do esôfago e estomago. É importante emagrecer e mudar hábitos alimentares, assim como, ao alimentar-se, evitar alimentos gordurosos, grandes volumes e tomar apenas meio copo de água no final das refeições. Em alguns casos, indica-se o tratamento cirúrgico.
Refluxo laringofaríngeo
Ocorre quando o conteúdo do estômago sobe para as partes mais altas do esôfago e chega na transição com o sistema respiratório, podendo atingir a boca, faringe e laringe, por exemplo. “Nesses casos, além da queimação o paciente ode sofrer com tosse, pigarro, ardor na garganta e cansaço ao falar ou cantar, devido a irritação que a exposição ao ácido provoca na região”.
Nos casos mais sérios, principalmente em crianças e idosos, podem surgir otites e sinusites de repetição, além de pneumonias e outras alterações pulmonares. Exames como a nasofaringolaringoscopia, endoscopia digestiva, pHmetria, biópsia, e exames radiológicos podem ajudar na identificação da doença. O tratamento cirúrgico pode ser uma solução, quando indicado pelo médico que acompanha o histórico do paciente.
A gastroenterologista menciona que os sintomas e agravamento da doença podem prejudicar a qualidade de vida dos pacientes provocando interferência no sono, dor de garganta recorrente, asma, erosões dentárias, infecções de ouvido recorrentes e mau hálito, dentre outros; e destaca que os caminho para a prevenção e minimização dos sintomas é o mesmo. “Mudanças de hábito no comportamento diário faz toda a diferença. Tabagismo e consumo sem medida de álcool não contribuem para uma vida saudável, bem como o sobrepeso e ingestão de alimentos gordurosos. Quando falamos especificamente do refluxo, é relevante ressaltar a mastigação prolongada dos alimentos, evitar líquido durante as refeições e aguardar pelo menos 2 horas após as refeições para deitar-se”, alerta.
A doença do refluxo gastroesofágico afeta aproximadamente 27% dos adultos e 7-20% da população pediátrica. Há uma incidência semelhante em ambos os sexos, e os estudos mostram aumento do risco de ocorrência com a idade. Mas é preciso considerar que fatores de risco, tais como obesidade, tabagismo, alimentação inadequada e presença de hérnia de hiato; predispõem a sua ocorrência, fazendo com que a doença possa surgir em qualquer idade. “Para vencer o desconforto e inibir a evolução da doença, a ajuda de um profissional especializado é essencial. Esse acompanhamento permitirá que o diagnóstico e tratamento sejam precisos e individualizados”, completa o especialista.