quinta-feira, 21/11/2024
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Recomeça o julgamento do PM acusado de participar da chacina da Baixada

Ontem, no segundo dia de julgamento, o depoimento do único sobrevivente da chacina incriminou o soldado da PM Carlos Jorge Carvalho. C.H.S, de 45 anos, – uma das quatro testemunhas de acusação – disse que reconhecia o soldado como sendo um dos policiais militares que atiraram no bar da rua Gama, onde 10 pessoas foram mortas.

“Foi Carlos Carvalho”, afirmou C.H.S, que reconheceu o policial e contou que estava num bar, em Nova Iguaçu, quando o Gol prata dos atiradores passou pela rua. Diante de outro bar, a 300 metros de distância, um homem saltou e disparou diversos tiros. Em seguida, o veículo continuou na rua e, em frente ao bar em que estava, saltou outro homem – este sentado no banco do carona.

Segundo o sobrevivente, o policial acusado disparou contra sua perna direita. “Caí ali mesmo e só acordei no hospital”, afirmou ele, que depois do ferimento passou a se locomover usando muletas.

O rapaz contou que demorou a prestar depoimento sobre o que sabia porque sofreu ameaças. “No dia seguinte já estavam me procurando para me matar. Como eu ia sair de casa?”, argumentou.

Ele disse ainda que recebeu vários recados com ameaças. O rapaz depôs vestindo colete à prova de bala e peruca e foi incluído no Serviço de Proteção a Testemunhas

Das quatro testemunhas de acusação que prestaram depoimento ontem, três reconheceram o PM como um dos participantes da chacina

A defesa do soldado tentou explorar o fato de a rua estar mal iluminada na noite da chacina, o que impediria o sobrevivente de identificar o atirador.

No interrogatório de anteontem, Carvalho se declarou inocente, mas entrou em contradição ao contar o que fez no dia do crime – deu informações diferentes das que tinha fornecido em depoimentos anteriores. O soldado é acusado de 29 homicídios duplamente qualificados – cometido por motivo fútil e com recursos que impossibilitaram a defesa das vítimas – uma tentativa de homicídio e formação de quadrilha. Ele já tinha sido condenado a 7 anos e oito meses de prisão no início deste mês em outro processo, por receptação de carros roubados. Se condenado, poderá pegar até 600 anos de prisão pelos crimes.

Onze policiais militares estão sendo acusados da chacina em Queimados e Nova Iguaçu. Cinco deles vão responder pelos crimes de homicídio qualificado e tentativa de homicídio; dois por formação de quadrilha e quatro foram inocentados por falta de provas.

O julgamento está sendo acompanhado por familiares das vítimas, vestidos com camisetas com fotos dos 29 mortos.

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Parmenas Alt
Parmenas Alt
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