O megatraficante colombiano preso na Grande São Paulo, Juan Carlos Ramírez Abadía, quer trocar o que sabe em um acordo para reduzir sua pena nos Estados Unidos. Um funcionário da Agência de Combate às Drogas (DEA, na sigla em inglês) disse que a cooperação do criminoso pode levar à prisão de outros líderes do Cartel do Norte do Vale, ainda foragidos.
“Para vocês (da DEA), eu falo nos Estados Unidos”, disse na quinta-feira, 9, o colombiano. O interrogatório durou seis horas. Admitiu que tinha negócios no Brasil, negou que traficasse drogas no País, mas confirmou sua participação no tráfico internacional. Ramírez Abadía falou pouco com os policiais estrangeiros. Evitou responder sobre a estrutura da organização no exterior, para receber o benefício
A Polícia Federal prendeu na noite de quinta, em Campinas, mais dois integrantes da quadrilha do megatraficante. As investigações levaram ao colombiano Jaime Verano Garcia, irmão do chefe da célula do bando em Curitiba, Victor Garcia (preso na terça-feira), e o motorista do grupo em Campinas, o brasileiro Eliseu Almeida Machado. Nas casas dos dois, foi apreendido mais de R$ 1 milhão.
A operação, que contou com agentes da DEA, da polícia americana e Procuradoria Federal, começou com o mandado de busca na casa do colombiano na Vila das Verbenas, no bairro Gramado, repleto de condomínios de alto padrão. Os federais encontraram dinheiro enterrado na casa alugada pelo colombiano. Com a prova material em mãos, os federais prenderam Garcia em flagrante. Ele os levou à casa do motorista.
Segundo vizinhos, que pediram para não serem identificados, Garcia, a mulher, a filha de 1 ano e um filho de 5 eram bastante educados, mas reservados. Ele cumpria todas as obrigações do condomínio, nunca atrasou um pagamento e recebia visitas com carros luxuosos. Um episódio que chamou a atenção do síndico foi o fato de Garcia construir uma churrasqueira no fundo da casa (mesmo sem ser o dono). Depois da operação da PF, os moradores imaginam que obra tenha sido a tática para esconder o dinheiro.