A redução da demanda brasileira pelo gás boliviano provocou uma queda no Produto Interno Bruto (PIB) da Bolívia no primeiro trimestre deste ano em comparação ao mesmo período de 2008, de acordo com o ministro boliviano da Economia e Finanças, Luis Arce.
O ministro disse que a economia boliviana registrou crescimento de 2,11% neste período de 2009, muito aquém dos 6% registrados em 2008.
“Este crescimento de 2,11% está ligado ao setor de hidrocarbonetos porque não foi possível conseguir a produção esperada e é um efeito da redução da demanda do Brasil”, afirmou.
O ministro afirmou ainda que, além da queda no PIB, o governo registrou também um recuo de 19,9% na produção de hidrocarbonetos durante o mesmo período.
As declarações do ministro foram feitas à emissora de rádio boliviana Patria Nueva e confirmadas por seus assessores à BBC Brasil.
Demanda
Segundo os ministérios da Economia e dos Hidrocarbonetos, a Bolívia espera que o Brasil volte a incrementar as compras do gás boliviano.
“O Brasil precisa de gás e temos condições de aumentar nossa produção”, disse Arce. Diante desta expectativa, o governo não mudou, até o momento, sua previsão de crescimento econômico de 4% do PIB para este ano.
A demanda brasileira pelo gás boliviano costuma variar diariamente, mas nos últimos dias foi registrada redução de cerca de 10 milhões de metros cúbicos diários.
De acordo com fontes do governo, o Brasil costuamava comprar cerca de 31 milhões de metros cúbicos diários e passou a comprar apenas 21 milhões recentemente.
Importação
Fontes do ministério de Hidrocarbonetos afirmaram à BBC Brasil que a diminuição na demanda brasileira fez a Bolívia produzir menos, levando o país a ter que importar gás liquefeito de petróleo (GLP), gasolina e diesel da Argentina e do Chile para atender a demanda interna.
O presidente da petroleira estatal Yacimientos Petroliferos Fiscales Bolivianos (YPFB), Carlos Villegas, concordou que a produção caiu porque diminuiu a demanda brasileira de gás.
Para assessores da Câmara Boliviana de Hidrocarbonetos, no entanto, além da redução da demanda brasileira por gás, a queda na produção do setor também ocorre devido à baixa na atividade nos campos petroleiros antigos.
Analistas de diferentes tendências, como o economista Carlos Alberto López, já previam queda nesta produtividade diante da redução nos investimentos, registrada pela Câmara após o processo de nacionalização do setor, a partir de 2006.
Segundo a imprensa local, a produção de gás natural caiu, nos primeiros meses deste ano, de 42 milhões para 32 milhões de metros cúbicos diários. O gás é a primeira fonte de riqueza da economia boliviana.
BBC/F.Online