Todos os 12 estádios a serem usados na Copa do Mundo de 2014 devem ter, após o evento, público menor que as médias internacionais, e quatro deles estão condenados a se tornarem "elefantes brancos" – expressão popular usada para designar arenas esportivas quase sempre vazias. É o que diz levantamento feito pelo IDEE (Instituto Dinamarquês de Estudos do Esporte), que criou um índice mundial de estádios.
Os quatro estádios apontados pelo IDEE como os mais problemáticos da Copa 2014 são o Nacional, em Brasília, projetado para comportar mais de 70 mil pessoas, a Arena Amazônia, em Manaus, a Arena Pantanal, em Cuiabá, e o Estádio das Dunas, em Natal, todos com cerca de 42 mil lugares.
O IDEE afirma que a grande capacidade desses estádios contrasta com as médias de público das séries B, C e D do Campeonato Brasileiro, torneios habitualmente disputados pelos clubes que irão usar os candidatos a "elefante branco". As divisões inferiores do Brasileirão têm médias que oscilam entre 2.100 mil a 4.500 mil torcedores.
O instituto diz considerar no estudo o argumento padrão do COL (Comitê Organizador Local), Ministério do Esporte e secretarias municipais e estaduais da Copa de que vários dos estádios do Mundial serão arenas multiuso, recebendo shows e convenções, e que isso garantirá o uso e ocupação dos mesmos, além da possibilidade da Copa renovar e ampliar o interesse de novos públicos por futebol. Mas, ainda assim, o IDEE mantém suas projeções que indicam ao Brasil um desafio enorme para o legado do torneio se adequar aos padrões internacionais.
Para sua metodologia, o IDEE analisou os públicos anuais de 75 grandes estádios esportivos de 20 países, atribuindo um sistema de pontuação no qual cada ponto corresponde à capacidade total do local. Assim, por exemplo, uma arena que obtivesse 100 pontos teria tido em um ano um público correspondente a 100 vezes sua capacidade máxima.
O IDEE afirma que a média de pontos nos estádios internacionais avaliados é de 13,4. Segundo este sistema, o estádio da Copa com a melhor perspectiva é o Itaquerão, com 13 pontos. O instituto fez esta projeção de pontos ao analisar a média anual de público como mandante do Corinthians, que em 2011 foi de quase 30 mil torcedores.
O IDEE cita ainda o perigo dos custos para a preparação dos estádios da Copa estourarem em várias vezes a previsão inicial. Na África do Sul, as arenas da Copa 2010 custaram 16 vezes mais do que os primeiros orçamentos.
Em sua página no Twitter, o deputado federal Romário (PSB – RJ) citou o estudo. “O recado tá dado! Espero que o governo acompanhe para não haver o mesmo desperdício que vimos no Pan 2007”, disse.
Na linha de defesa dos projetos, o Ministério do Esporte disse, por meio de nota, que “grandes empresas administradoras de arenas esportivas já manifestaram interesse nos estádios da Copa, que estão sendo construídos seguindo o conceito multiuso. Haverá centros de convenções, de cultura e de gastronomia, além de espaços com áreas comerciais e conjuntos habitacionais. Esse conceito garante que os estádios terão pleno uso”, afirma o comunicado.
Rodrigo Durão Coelho
Do UOL