quinta-feira, 07/11/2024
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Quase metade dos brasileiros não sabe que o diabetes pode cegar, aponta pesquisa

O diabetes atinge cerca de 14 milh&otildees de brasileiros, ainda assim, quase metade da popula&ccedil&atildeo desconhece que a doen&ccedila pode causar cegueira nos pacientes. O levantamento foi feito pela Sociedade Brasileira de Retina e V&iacutetreo (SBRV) e divulgado na manh&atilde desta quinta-feira (3).

Foram entrevistadas quatro mil pessoas, sendo que 45% daquelas que n&atildeo t&ecircm diabetes ou algum familiar com a doen&ccedila desconhecem a rela&ccedil&atildeo do problema com a perda de vis&atildeo. J&aacute entre os diab&eacuteticos e parentes de pacientes, 57% nunca ouviram falar em retinopatia diab&eacutetica (RD) e edema macular diab&eacutetico (EDM), duas complica&ccedil&otildees que podem levar &agrave cegueira.

Ambas s&atildeo causadas pelo aumento do a&ccedil&uacutecar no sangue, resultado de um diabetes n&atildeo controlado. A RD pode causar borr&otildees e &aacutereas escurecidas no campo de vis&atildeo. J&aacute o EDM afeta a regi&atildeo central da retina, que d&aacute nitidez e foco &agraves imagens, podendo gerar manchas na vis&atildeo, distor&ccedil&atildeo das imagens, fotofobia, diminui&ccedil&atildeo do contraste e da vis&atildeo de cores, al&eacutem de altera&ccedil&otildees no campo de vis&atildeo.

Foi o que aconteceu com a estudante Luciana Mangini Martines, de 31 anos. Ela descobriu a doen&ccedila aos dez anos, fazia o acompanhamento com oftalmologista, mas deixou de realizar o exame de fundo de olho, que pode detectar o EDM, por dois anos, mesmo sabendo que j&aacute estava a um passo de desenvolver o problema.

Em uma manh&atilde, quando tinha 20 anos, acordou com a vis&atildeo emba&ccedilada. Ela colocou os &oacuteculos, que j&aacute usava por conta de uma miopia, mas ainda n&atildeo conseguia enxergar. Assustada, correu para o hospital. O tratamento para conseguir estabilizar ou reverter o quadro come&ccedilou em seguida, mas, por um ano e meio, a estudante ficou praticamente cega. Um dos olhos tinha apenas 5% de vis&atildeo. A vida da pessoa muda completamente.

Luciana n&atildeo conseguia mais se maquiar, andar sozinha na rua, j&aacute que n&atildeo conseguia identificar buracos, eleva&ccedil&otildees ou obst&aacuteculos e at&eacute mesmo a faculdade de medicina precisou abandonar porque n&atildeo conseguia estudar.

Tratamentos

Chefe do servi&ccedilo de retina do Hospital das Cl&iacutenicas de S&atildeo Paulo, Dr. S&eacutergio Pimentel explica que h&aacute vinte anos o &uacutenico tratamento dispon&iacutevel para o edema macular diab&eacutetico era um procedimento com laser, mas, hoje, j&aacute existe a possibilidade de injetar medicamentos diretamente no olho.

O especialista explica que o problema do laser &eacute que ele n&atildeo consegue reverter a perda de vis&atildeo, apenas estabilizar. J&aacute no caso da inje&ccedil&atildeo, com um tratamento intensivo que costuma ocorrer por dois anos, &eacute poss&iacutevel haver tamb&eacutem ganho de vis&atildeo.

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Foi o que ocorreu com Luciana. Ap&oacutes trocar duas vezes de tratamento, ela pode recuperar grande parte da vis&atildeo com um novo medicamento e, hoje, at&eacute enxerga melhor que a pr&oacutepria m&atildee. &Agraves vezes, ela me pede para ler algumas coisas com letras pequenas, brinca a estudante que, agora, tem 60% de vis&atildeo em um dos olhos e 80% no outro.

A nova terapia usada pela estudante, com a subst&acircncia aflibercepte, foi recentemente aprovada pela Ag&ecircncia Nacional de Vigil&acircncia Sanit&aacuteria (Anvisa), mas ainda n&atildeo &eacute uma realidade no sistema de sa&uacutede p&uacuteblico. Entre os tr&ecircs medicamentos dispon&iacuteveis para o tratamento, o Hospital das Cl&iacutenicas ainda t&ecircm o de menor custo. N&oacutes recebemos tr&ecircs frascos por m&ecircs, conseguindo 150 doses, mas o n&uacutemero de pacientes &eacute imenso. A gente n&atildeo d&aacute conta, afirma Pimentel, que tamb&eacutem acredita que falta investimento na &aacuterea.

Pexels

Melhor forma de evitar complica&ccedil&otildees oculares ou as outras tamb&eacutem relacionadas ao diabetes &eacute controlando a glicose

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Neglig&ecircncia m&eacutedica

A pesquisa da SBRV tamb&eacutem constatou um grande problema que ocorre dentro dos consult&oacuterios m&eacutedicos. De acordo com 38% dos entrevistados com diabetes ou familiares de pessoas com a doen&ccedila, seus endocrinologistas nunca pediram o exame de fundo de olho. Al&eacutem disso, 10% nunca passaram por um oftalmologista durante o tratamento, e 49% declaram ter tido um diagn&oacutestico tardio dos problemas na vis&atildeo.

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O maior problema &eacute que, mesmo com o mais novo tratamento, ainda n&atildeo &eacute poss&iacutevel reverter o quadro de perda de vis&atildeo caso a doen&ccedila j&aacute esteja muito avan&ccedilada. A falta de investiga&ccedil&atildeo por parte do m&eacutedico pode dificultar o diagn&oacutestico porque os sintomas da retinopatia diab&eacutetica e do edema macular diab&eacutetico podem ser confundidos com outros problemas oculares ou at&eacute mesmo melhora de alguns quadros. Al&eacutem disso, alguns pacientes s&oacute costumam perceber as complica&ccedil&otildees quando j&aacute est&atildeo em fase avan&ccedilada.

Paulistanos s&atildeo os que mais sabem

A SBRV ouviu brasileiros de oito capitais: Belo Horizonte, Curitiba, Rio de Janeiro, Recife, Porto Alegre, S&atildeo Paulo, Bras&iacutelia e Salvador. Diferente do restante da popula&ccedil&atildeo, os paulistanos foram os que mais mostraram conhecimento sobre os riscos oculares decorrentes do diabetes.

Quase 90% dos moradores de S&atildeo Paulo sabem que a doen&ccedila pode levar &agrave cegueira. A perda de vis&atildeo &eacute a complica&ccedil&atildeo mais temida por 45% dos paulistanos diab&eacuteticos ou com familiares com diabetes, mas, na contram&atildeo deste medo, 56% nunca ouviram falar em RD ou EDM.

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Parmenas Alt
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