domingo, 22/12/2024
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Quantas vezes Moraes citou Moraes ao autorizar a Operação Contragolpe?

Figura central do caso investigado, o ministro do STF acumula mais uma vez os papéis de juiz e personagem

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF) reproduziu 44 citações a si próprio no texto que autorizou a Operação Contragolpe, deflagrada na terça-feira, 19, pela Polícia Federal para prender suspeitos de planejarem um golpe de Estado em 2022.

Figura central do caso investigado, já que o plano envolvia o assassinato dele, o magistrado acumula mais uma vez os papéis de juiz e personagem. Procurado pela Folha de S. Paulo, o magistrado não disse se iria se declarar impedido na ação.

As autorreferências de Moraes

Em um trecho do documento, Moraes disse que as investigações tiveram êxito em evidenciar a realização de “atos voltados ao planejamento, organização e execução de ações de monitoramento do ministro Alexandre de Moraes”.

“Ressalta a representação policial que, com o aprofundamento da investigação, a partir da realização da operação Tempus Veritatis e da análise dos dados armazenados nos telefones celulares apreendidos em poder de Rafael Oliveira [um dos investigados], ‘a investigação logrou êxito em identificar novos elementos de prova que evidenciaram a efetiva realização de atos voltados ao planejamento, organização e execução de ações de monitoramento do ministro Alexandre de Moraes.”

Em outro momento, o relatório que embasou a operação trata especificamente do plano que seria o pano para “neutralizar” Moraes, Lula e Alckmin:

“Ademais, ainda mais relevante, demonstram indícios de que MÁRIO FERNANDES elaborou um detalhado planejamento operacional que tinha como objetivo executar o Ministro ALEXANDRE DE MORAES e os candidatos eleitos LUÍS INÁCIO LULA da SILVA e GERALDO JOSÉ RODRIGUES ALCKMIN FILHO, ambos componentes da chapa vencedora das eleições.”

Preso e enforcado na Praça dos Três Poderes

Em janeiro de 2024, Moraes disse ao Globo que os manifestantes mais exaltados do 8 de janeiro defendiam que ele fosse preso e enforcado na Praça dos Três Poderes”.

“Eram três planos. O primeiro previa que as Forças Especiais (do Exército) me prenderiam em um domingo e me levariam para Goiânia. No segundo, se livrariam do corpo no meio do caminho para Goiânia. Aí, não seria propriamente uma prisão, mas um homicídio. E o terceiro, de uns mais exaltados, defendia que, após o golpe, eu deveria ser preso e enforcado na Praça dos Três Poderes. Para sentir o nível de agressividade e ódio dessas pessoas, que não sabem diferenciar a pessoa física da instituição”, disse Moraes. Mesmo assim, ele não se declarou impedido de relatar o caso, investigador, acusador, juiz.

Relator dos inquéritos sigilosos das fake news e das milícias digitais no STF, Moraes requisitou relatórios a um órgão com poder policial do TSE, que ele presidia à época, para embasar decisões que pareciam já estar desenhadas, envolvendo medidas duras contra ativistas políticos ligados ao ex-presidente Jair Bolsonaro, como quebra de sigilo bancário e apreensão de passaportes.

Trazido à tona por um conjunto de mensagens a que o jornal Folha de S. Paulo teve acesso, o escândalo foi batizado por O Antagonista como Vaza Toga.

Nos dias que se seguiram à publicação da reportagem da Folha, ministros como Luís Roberto Barroso, Gilmar Mendes, Cármen Lúcia e Flávio Dino não apenas defenderam o caráter e o trabalho de Moraes como também se apressaram em dizer que as mensagens não trazem nada de grave.

O próprio Moraes fez defesas enfáticas de sua atuação nos dois tribunais, dizendo que mandou um órgão do TSE reunir informações para um inquérito criminal do STF, sem seguir nenhuma formalidade, porque “seria esquizofrênico oficiar para si mesmo”.

Fonte: O Antagonista

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Parmenas Alt
Parmenas Alt
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