Senadores da base aliada do governo e da oposição decidiram deflagrar um movimento na Casa para pressionar o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), a se afastar do cargo. Motivados pela expulsão dos senadores Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) e Pedro Simon (PMDB-RS) da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça), senadores do PT, DEM, PSDB e de outras legendas vão aderir ao movimento –articulado entre parlamentares dos três partidos, ao lado de Jarbas.
O peemedebista, que atribui a Renan o seu afastamento da CCJ, disse que o “levante” dos partidos tem como objetivo mostrar que não há clima para o senador permanecer no comando da Casa. “Não há a figura do impeachment, mas a idéia é fazer um levante contra o presidente do Senado para mostrarmos ao país a situação de grande preocupação que atinge a Casa”, disse Jarbas.
Aliado do PMDB na coalizão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o PT decidiu aderir ao movimento suprapartidário contra a permanência de Renan. “O que eu sinto é um apoio de todos os senadores da bancada nessa direção. O afastamento do senador Renan da presidência é fundamental para que a gente tenha um ambiente de diálogo e o Senado possa cumprir seu papel institucional”, disse o senador Aloizio Mercadante (PT-SP).
O petista disse que conversou com praticamente toda a bancada do PT no Senado, que apóia o movimento contra Renan. Mercadante disse não ficar constrangido pelo fato de partidos da oposição integrarem o “levante”. “Eu concordo que tem que ser um movimento suprapartidário. É uma questão de defesa do Senado e tenho certeza que os senadores do PT apoiarão essa iniciativa.”
O presidente do PSDB, Tasso Jereissati (CE), afirmou que o PT precisa se juntar ao movimento contra Renan em prol da governabilidade do país. “Se o PT não se juntar a esse movimento, é o fim da governabilidade. O governo seria sócio proprietário dessa patifaria. Depois do afastamento dos senadores Jarbas e Simon e do caso de arapongagem, a Casa se voltou contra o Renan, ficando com ele somente a chamada tropa de choque, um grupo de patifaria chefiado por outro ainda maior”, criticou Tasso.
Para o líder do DEM no Senado, José Agripino Maia (RN), o fundamental neste momento é recuperar a credibilidade da Casa. “Há um movimento suprapartidário. Não é derrubar o Renan, mas resgatar a credibilidade do Senado”, disse Agripino ao admitir ser “difícil” retomar a tranqüilidade na Casa com Renan na presidência.
PMDB
O presidente do Senado vem perdendo apoio inclusive na bancada do PMDB da Casa, formada por 19 parlamentares. Jarbas recebeu telefonemas de pelo menos oito peemedebistas em solidariedade à sua expulsão da CCJ –dispostos a mudar de postura em relação a Renan.
O grupo pretende cobrar explicações do líder do partido no Senado, Valdir Raupp (RO), acusado por Jarbas de agir em nome de Renan para afastá-lo da CCJ ao lado de Simon. O presidente do PMDB, Michel Temer (SP), também vai levar a questão para o conselho político do partido.
“Isso mostra o isolamento dele. Não temos que falar em líderes como Valdir Raupp e Romero Jucá (RR). Quem determinou o afastamento da CCJ foi o próprio Renan”, criticou Jarbas.
FOnl