Depois de uma reunião da direção do PT com o ministro Tarso Genro (Relações Institucionais), o partido recuou da disposição de disputar a qualquer preço presidência da Câmara com candidato próprio enfrentando nomes de partidos aliados, como o PMDB e PC do B.
No Senado, o senador Renan Calheiros (PMDB-AL) começou a articular nos bastidores a sua reeleição à presidência do Senado Federal em fevereiro.
O presidente nacional do PT, Marco Aurélio Garcia, disse que a posição do PT de postular a vaga “não é irredutível” e que o partido vai levar em conta a política de coalizão mais ampla que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai implementar no seu segundo mandato para decidir esta questão. Segundo ele, “o PT está aberto a qualquer solução”.
“Esse é um problema que o PT não resolve sozinho. A eleição para a presidência da Câmara deve corresponder a esta política de coalizão mais ampla que estamos nos propondo a fazer e que o presidente vai implementar. O que haverá são negociações para tentar encontrar uma solução comum que pode ser essa [do candidato ser do PT] e poderá ser outra”, afirmou.
Segundo Garcia, a “obsessão” do governo é a de que os partidos aliados tenham um candidato único na disputa pelo comando da Câmara. Ele negou que o presidente tenha informado ao PT predileção pelo atual ocupante da cadeira, o deputado Aldo Rebelo (PC do B-SP).
“Ele não externou isso para mim. Acho que o preferido de Lula é o candidato que a base escolher. Agora, o partido que não tiver o seu nome escolhido não pode ser rotulado como derrotado”, afirmou.
No encontro, Tarso teria salientado que o presidente da Câmara é o segundo na linha sucessória do país e interlocutor importante no Congresso, por isso o governo não gostaria que a eleição para o cargo fosse “turvada”. “Os nomes que o PT dispõe são nomes de alta qualidade que poderiam honrar a Câmara. Mas não queremos fazer disso um momento de conflito do poder Executivo com Legislativo”, disse o presidente do partido.
Além do PT, o PMDB e o PC do B também disputam a Presidência da Câmara. O PMDB alega que terá a maior bancada na próxima legislatura, o que dá ao partido o direito de indicar o presidente da Casa. Já o PC do B se apóia na tese de Lula tem preferência por manter o deputado Aldo Rebelo (PC do B-SP) no cargo.
“Nem o PMDB disse que quer nem o PC do B. O que disseram é que têm nome de alta qualidade. Como se trata de um governo de coalizão, é normal que haja discussão em torno de um nome”, disse.
Senado
Durante encontro com o presidente do PDT, Carlos Lupi, Renan Calheiros pediu o apoio do partido na disputa pela presidência do Senado.
“Ele nos colocou a sua disposição de continuar sendo presidente do Senado e o interesse para o PDT apoiá-lo. Vamos conversar com nossos senadores”, disse Lupi.
O presidente do PDT afirmou que o partido também vai conversar institucionalmente com o senador José Agripino Maia (RN), líder do PFL no Senado, que também disputa nos bastidores a indicação para presidir a Casa. “Vamos ouvir o senador Agripino que também deseja essa função. Democraticamente vamos decidir. O Renan colocou que quer parceria com o PDT e a importância do partido estar do lado dele. Mas eu não ouvi o outro lado, tenho que ouvir”, disse.
Nos bastidores, o PMDB e o PFL travam uma batalha silenciosa pela presidência do Senado. O PFL conseguiu eleger proporcionalmente a maior bancada para a próxima legislatura, com 18 senadores. Mas superou o PMDB em apenas um senador. Como os peemedebistas esperem a adesão de pelo menos três parlamentares de outros partidos à legenda, reivindicam a presidência da Casa.
(Redação/Folha Online)