Ao pedir a cassação do mandato da presidenta Dilma Rousseff, alegando abuso de poder político e econômico, o PSDB vai alegar que a campanha presidencial petista recebeu dinheiro desviado de contratos da Petrobras, na forma de propina. Na peça acusatória, os oposicionistas devem se amparar em trechos de depoimentos, no âmbito da Operação Lava Jato, da Polícia Federal, já tornados públicos – a que o ex-presidente Lula, em discurso feito hoje (quinta, 18), chamou de “vazamento seletivo de inquéritos” com interesses políticos.
Segundo a coluna Painel, do jornal Folha de S.Paulo, os tucanos vão formalizar uma série de ações na Justiça Eleitoral e devem utilizar trechos dos depoimentos do ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa, que cumpre prisão domiciliar depois de acordo de delação premiada, que pode reduzir sua condenação final. Ao lado do doleiro Alberto Youssef, preso desde 17 de março sob acusação de ser o operador financeiro da corrupção na estatal, Costa é um dos principais artífices dos desvios que abastecia, segundo as investigações, políticos, partidos, funcionários públicos e grandes empreiteiras.
Em um de seus depoimentos, Costa disse que até 3% dos valores superfaturados em contratos formalizados em seu setor eram repartidos entre PT, PMDB e PP. Segundo o ex-diretor, grandes empreiteiras, em sistema de cartel, dividiam licitações e, com o dinheiro recebido da Petrobras, pagavam propinas a políticos e demais agentes públicos e privados.
Na acusação que farão à Justiça Eleitoral, ainda segundo a Folha, os tucanos vão mencionar valores que teriam sido desviados para as campanhas de PT e PMDB, legenda cujo presidente nacional licenciado é o vice de Dilma, Michel Temer. “Como é cediço, os recursos arrecadados por partidos políticos são também destinados ao financiamento das campanhas eleitorais de que participam. Assim, o privilégio do financiamento espúrio não é só aquele oriundo da melhor inserção social dos partidos no tempo, mas também na própria campanha eleitoral”, argumentam os oposicionistas.
A ação do PSDB pretende tirar do posto não só Dilma, mas também Temer, para que então seja empossado o senador Aécio Neves (PSDB-MG), derrotado em segundo turno. O partido alega também que houve uso abusivo de cadeia de rádio e TV, além do uso irregular de ONGs e sindicatos, para prejudicar Aécio e beneficiar a presidenta Dilma, que recebeu diplomação para o segundo mandato nesta quinta-feira (18), no Tribunal Superior Eleitoral.
Revista CongressoemFoco