Setores como o avícola, o comércio e a produção de petróleo foram fortemente atingidos pelas manifestações iniciadas pelos indígenas
Os milhares de manifestantes indígenas que seguem mobilizados em protesto contra o governo do Equador, se mantiveram neste domingo, 26, como eles próprios afirmam, “em pé de luta”, apesar do cansaço pelas duas intensas e duras semanas de atos. Os manifestantes chegaram à Quito, vindos de todos os cantos do território equatoriano. A repressão, com confrontos e bombas de gás lacrimogêneo não reduziu a força dos protestos. As manifestações já causaram impacto negativo de US$ 500 milhões (R$ 2,61 bilhões), segundo estimativas divulgadas neste domingo pelo Executivo presidido pelo conservador Guillermo Lasso.
O ministro da Produção, Comércio Exterior, Investimentos e Pesca, Julio José Prato, apontou, em entrevista coletiva, que o setor privado deixou de faturar no período cerca de US$ 225 milhões (R$ 1,17 bilhão), especialmente, por causa do bloqueio de rodovias e a obstrução de cidades. Segundo o integrante do governo, o montante sobe, diariamente, no setor privado, de US$ 40 milhões a US$ 50 milhões. De acordo com Prado, o prejuízo do comércio equatoriano gira em torno de US$ 90 milhões (R$ 470,9 milhões), especialmente, com Quito e Cuenca sendo as cidades mais afetadas, com as vendas caindo cerca de 60%. O ministro advertiu que a cadeia produtiva no com situação “extremamente crítica” é a avícola, com “grande quantidade de frangos tendo que ser sacrificados ou não resistindo à falta de alimentos”. Nos setores agrícola e pecuário, as perdas econômicas foram estimadas em cerca de US$ 90 milhões. O setor petrolífero, um dos pilares da economia do Equador, registra impacto negativo de US$ 96 milhões, ao deixar de produzir nas últimas duas semanas 1 milhão de barris de petróleo, mais de 80% deles produzidos pela estatal Petroecuador.
Ao todo, os manifestantes têm dez demandas, que vão desde medidas para aliviar as finanças das famílias mais pobres até outras que vão contra a política do governo. Há exigências, por exemplo, da redução e congelamento de preços dos combustíveis, o controle dos preços dos produtos de primeira necessidade, o perdão das dívidas de famílias campesinas e o respeito aos direitos indígenas. Além disso, é cobrado que empresas estatais não sejam privatizadas e não haja aumento nas atividades de mineração e de extração de petróleo. Os protestos no Equador começaram em 13 de junho, convocados, principalmente, pela Confederação de Nacionalidades Indígenas do Equador (Conaie). Outras organizações de campesinos, assim como sindicatos e entidades estudantis também participam das manifestações. Até o momento, foram registradas cinco mortes e 200 pessoas feridas entre manifestantes e agentes das forças de segurança, além de 100 detenções, segundo organizações de defesa dos direitos humanos.
*Com informações da EFE-JovemPan