A promotora de Justiça, Ana Cristina Bardusco, informou que a denúncia citada pelo ex-secretário de Fazenda, Marcel de Cursi, durante audiência na 7ª Vara Criminal de Cuiabá, na sexta-feira (28), de que quatro deputados estaduais e uma prefeita receberam dinheiro oriundo do pagamento de propina, referente à desapropriação de um terreno no Jardim Liberdade, em Cuiabá, já foi encaminhada ao Tribunal de Justiça do Estado (TJMT) – esfera competente para julgar pessoas com prerrogativa de foro privilegiado.
Em seu depoimento à juíza Selma Rosana Arruda, Cursi disse que o Ministério Público Estadual (MPE) deixou de fora das investigações pessoas com foro que estavam citados nos relatórios da Polícia Fazendária, responsável pela Operação Sodoma, na qual também ele é réu.
No entanto, a promotora nega que os parlamentares não estejam sendo investigados. Ela cita ainda que a denúncia 'não é nova' e, inclusive, foram desmembradas para outros processos, já que a empresa SF Assessoria, usada para “lavar dinheiro” do esquema criminoso, não se refere apenas ao caso do terreno no bairro Jardim Liberdade.
“Isso está no processo, não é uma informação oculta. Transferência de sigilo bancário da SF [empresa de fachada do empresário Filinto Muller] não é só em relação à quantia que faz parte dessa investigação [Sodoma 3]. A transferência é de todas as movimentações, mas a gente utiliza a parte dessa e desmembra para as outras tantas investigações”, explicou Bardusco.
Cursi disse que os deputados Romoaldo Júnior (PMDB), Wagner Ramos (PSD) Mauro Savi (PSB) e Guilherme Maluf (PSDB), além da ex-deputada estadual e atual prefeita de Juara, Luciane Bezerra (PSB), receberam dinheiro ilícito, durante a gestão do ex-governador Silval Barbosa (PMDB) e estão citados nas investigações.
“Quando descobriram que a empresa era de fachada, encerraram a conta. Mas ainda receberam parcelas por cheques diretos do [advogado] Levi Machado. Os R$ 15 milhões não foi todo operado só pela SF, isso está nos autos”, observou.
Entenda o caso
Marcel de Cursi citou uma lista de deputados estaduais, que segundo ele, teriam recebido propina na gestão do ex-governador Silval Barbosa, mas negou que tenha participado do esquema que gerou o pagamento de propina, na ordem de R$ 15 milhões, por meio da desapropriação de um terreno no bairro Jardim Liberdade.
Cursi disse que não sabia do esquema montado no âmbito da Casa Civil e que tem conhecimento dos fatos apenas por meio dos processos da Operação Sodoma.
“Eu desconheço do que se trata. Não fiz pagamento e nunca discuti esse assunto com ninguém. Ninguém me chamou para falar ‘faça e esse pagamento que terá retorno’".
O ex-secretário apontou que a acusação trata-se de um grave engano e que, inclusive, o ex-secretário-chefe da Casa Civil, Pedro Nadaf, já o isentou quando retratou seu depoimento à Polícia Fazendária.
“Tem um grave engano. Pedro Nadaf se retratou sobre o pedido de propina. Ele fez a retratação e alterou seu depoimento. O Nadaf disse que esse pagamento de R$ 700 mil foi repassado à deputada Luciane Bezerra [PSB]”.
Porém, Cursi citou os nomes dos deputados como recebedores de propinas desse esquema. Ele afirmou que os nomes constam nos processos da operação.
RepórterMT