Mais do que limpar a cidade, o programa de reciclagem evita uma série de doenças como dengue – os mosquitos usam os pneus com água para procriarem – sem falar que o rio Cuiabá fica livre de um lixo que leva 500 anos para degradar.
O secretário municipal de Meio Ambiente e Agricultura (Semma/VG), Zito Portela, explica que houve uma resistência inicial de algumas empresas, mas foi só acionar o Ministério Público Estadual (MPE) que o programa continuou e com mais vigor. Segundo ele, o projeto iniciou em 2005 e com a ajuda do MPE, o programa ganhou mais musculatura passando em dezembro: de 50 toneladas anuais, passou a coletar esta mesma quantidade por semana. Agora, não ficam mais pedaços de pneus espalhados pela cidade.
Para retirar tanto lixo, a Semma/VG conta com um caminhão, que passa recolhendo os pneus velhos em borracharias e terrenos baldios. Os pneus são levados para um setor do lixão da cidade, na saída para Nossa Senhora do Livramento. O local é cercado e vigiado por três funcionários para evitar algum tipo de saque. Uma bióloga da secretaria também faz vistorias constantes para checar as condições de pneus – se existe água acumulada ou algum outro problema de acondicionamento.
As empresas maiores entregam diretamente no lixão. Elas podem ser multadas caso não deixem os pneus no prazo estipulado. Além de triturados e misturados com cimento, os pneus velhos servem também como matéria-prima para a fabricação de tapetes para automóveis. “Acima de tudo, deixamos de produzir uma seqüência de poluição, pois muitos desses pneus eram queimados, aumento mais os impactos causados pelo efeito estufa (superaquecimento global)”, ressalta.
Antes dos pneus se transformarem em cimento, eles eram levados para Goiânia e Belo Horizonte para serem reciclados, através da Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos (Anip) que se encarregava de recolhê-los. No processo de coleta, a Anip é responsável por toda a logística do Programa, realizando o transporte dos pneus desde os “Eco pontos” até as empresas de trituração, de onde serão encaminhados para destinação final.
O secretário informou que o número de ocorrências envolvendo queima de pneus diminuiu de forma significativa. Eram de 10 a 12 queixas. Com o “Várzea Grande Mais Limpa”, esse número caiu para um a dois por mês, cerca de 80% a menos.
Portela lembra que, para fazer um trabalho de preservação do meio-ambiente, é necessário resolver questões maiores, como o destino correto dos pneus, para depois passar para casos menores, como garrafas pet e outros tipos de lixo reciclável.
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