domingo, 22/12/2024
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Projeto transfere capital de MT novamente para Vila Bela

Em dois dias por ano, Vila Bela da Santíssima Trindade, a primeira capital de Mato Grosso, poderá voltar a ser sede, mesmo que simbolicamente, dos poderes mato-grossenses. Conforme o autor da proposta, deputado Percival Muniz (PPS), esta proposta é fazer, ainda que tardiamente, um reconhecimento justo ao povo e a cidade que é berço do Estado, mas que não tem recebido o tratamento que merece por conta do seu valor histórico e cultural.

“A transferência da capital do Estado, mesmo que simbólica e por apenas dois dias, será uma homenagem, ainda que tardia, justa para uma cidade que foi o berço do Estado, mas que não tem o reconhecimento e o tratamento que merece” frisou, lembrando que este processo já acontece em outros estados, como Minas Gerais e Goiás, que transferem anualmente as suas capitais para Mariana e Goiás Velho, respectivamente. “Ao fazermos isso também, estaremos valorizando mais a nossa história e recuperando um pouco da forma que vem sendo tratada a nossa 1ª capital”.

Pela proposta, todos os anos, na segunda-feira e terça-feira da semana de julho em que se realize a Festa do Tríduo – em homenagem ao Divino Espírito Santo, Glorioso São Benedito e à Santíssima Trindade -, os poderes do estado funcionem no município simbolicamente. “Essa iniciativa fará com que os mato-grossenses voltem o olhar com mais reconhecimento para sua primeira capital e o Estado recupere os prédios que já abrigaram os nossos poderes, mas que, muitos deles, encontram-se abandonados”.

De acordo com o deputado socialista, a transferência simbólica da capital também irá estimular a região de Vila Bela da Santíssima Trindade a se tornar “uma memória viva da nossa fundação como Estada, oferecendo a oportunidade de fortalecimento do turismo histórico, em benefício de um povo que resistiu bravamente o isolamento e constituiu no local uma comunidade negra forte, festeira, unida e fiel às suas tradições”, justifica. “Essa transferência será um forte atrativo de turistas que se somarão aos que lá freqüentam no período da festa, gerando mais oportunidades de renda e empregos”.

Histórico – Os índios Nambikwara, Bororo e Paresi, foram os primeiros habitantes da região onde se localiza hoje o município de Vila Bela da Santíssima Trindade. No século XVIII, o crescimento de um quilombo em Vila Bela acendeu a luz vermelha da Coroa Portuguesa. A líder do Quilombo do Piolho ou Quariterê era Teresa de Benguela. Guerreira audaz, ela comandou uma comunidade com mais de três mil habitantes. O quilombo cresceu, recebeu migrantes índios, bolivianos e brasileiros, tornando-se núcleo multirracial com organização política.

Por isso, surgiu na Corte o temor que Teresa passasse a liderar um mercado binacional na faixa da fronteira Oeste com a Bolívia. Foi destacada uma bandeira fortemente armada para liquidar Teresa e seus quilombolas. Segundo versão oficial, a líder foi presa e se suicidou.

Em 1731, os irmãos Fernando e Arthur Paes de Barros descobriram as Minas do Mato Grosso, às margens do Rio Galera, no Vale do Guaporé. Ao se depararem com uma mata extensa, grossa e fechada, deram-lhe o nome de Mato Grosso.

O rei D. João V, em 1746, determinou a fundação de uma vila no local, para dar apoio administrativo e militar aos diversos garimpos da região. Com o objetivo de consolidar o domínio português no Vale do Guaporé foi criada, em 07/05/1748, a Capitania de Mato Grosso. Nesse sentido, o Capitão General Antônio Rolim de Moura fundou a Villa Bela da Santíssima Trindade em 19/03/1752.

Com o passar dos anos, as dificuldades de povoar a região (distância, doenças, falta de rotas comerciais) e o estabelecimento de um importante centro comercial em Cuiabá acabaram forçando a transferência da capital, em 1835. Posteriormente, a cidade de Mato Grosso passou por um período de grande decadência.

Foi considerado um município comum, sem o devido merecimento, ao ponto da Assembléia Legislativa editar, em 1878, uma lei extinguindo o município. O projeto foi vetado.

Vila Bela da Santíssima Trindade, historicamente, é a maior atração turística do Vale do Guaporé e uma das poucas da região Centro-Oeste, com vocação para o turismo histórico. No centro de Vila Bela , estão as ruínas de uma catedral do período colonial. Ela é um símbolo da cidade. Além disso, é uma cidade ímpar, com a maior parte da população sendo descendentes de ex-escravos, que foram abandonados pelos seus senhores, quando da transferência da capital para Cuiabá.

Festança – Anualmente, em julho, a população de Vila Bela da Santíssima Trindade promove a Festa do Tríduo em homenagem ao Divino Espírito Santo, Glorioso São Benedito e à Santíssima Trindade. Nas comemorações, o sacro e o profano se fundem numa combinação caracterizada pela cantoria, dança, hinos religiosos, roupas coloridas, balangandãs e muita alegria.

O período da “Festança” é caracterizado por manifestações de origem afro-brasileira, mantendo a cultura dos negros que vieram para Mato Grosso a fim de trabalhar nas minas, na lavoura e nas atividades manufatureiras e domésticas. Os destaques da festa são as Danças do Congo, do Chorado e do Tambor.

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Parmenas Alt
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