Docentes da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) se reuniram na Associação dos Docentes da UFMT (Adufmat-Seção Sindical do ANDES-SN) na manhã dessa quinta-feira (31) para organizar as ações de mobilização e atuação na Assembleia Geral Universitária programada para a próxima terça-feira, 05/11.
A plenária será realizada às 9h, no Ginásio de Esportes da UFMT, com o objetivo de reunir toda a comunidade acadêmica para avaliar e tirar posição política sobre o Programa Future-se, apresentado pelo governo federal no segundo semestre deste ano.
A proposta, exposta como uma “alternativa” aos cortes de recursos realizados nos últimos anos pelo próprio governo federal representa, de fato, a submissão total da universidade aos interesses de mercado, pois a iniciativa privada passaria a financiar e gerenciar as pesquisas e projetos de extensão das instituições públicas de ensino superior. Em outras palavras, as empresas se apropriariam dos recursos públicos em benefício próprio, passando a orientar os rumos do trabalho realizado nas universidades que têm, por obrigação, beneficiar a população que garante a sua existência.
Das 63 universidades federais brasileiras, 29 já declararam posição oficial contrária ao Future-se. Além dessas, outras 14 manifestaram, ao menos, posição política também contrária, por meio de assembleias universitárias. Nenhuma se mostrou favorável.
A Assembleia Geral Universitária de terça-feira deve mobilizar grande número de estudantes, docentes e técnicos administrativos de todos os campi. Além de Cuiabá e Várzea Grande, estudantes, professores e técnicos de Sinop, Araguaia e Rondonópolis já confirmaram o envio de ônibus com participantes para o debate.
Os representantes dos campi deverão permanecer em Cuiabá após a assembleia, já que, no dia seguinte, a UFMT realizará uma reunião conjunta entre os seus três conselhos superiores: Universitário (Consuni), de Ensino, Pesquisa e Extensão (Consepe), e Diretor, para discutir o mesmo ponto de pauta – o Future-se. Dessa reunião poderá sair uma posição oficial da UFMT, unindo-se ou não às outras instituições que já rechaçaram a proposta do governo.
O que será discutido?
A Assembleia Geral Universitária de terça-feira, 05/11, terá dois pontos de pauta: o primeiro, sobre os cortes de recursos e suas consequências para o funcionamento da instituição; o segundo, discussão e deliberação com relação ao Future-se.
A Associação dos Docentes (Adufmat-Ssind), o Sindicato dos Técnicos Administrativos (Sintuf-MT) e o Diretório Central dos Estudantes (DCE) deverão apresentar dados sobre os temas.
Sobre os cortes, opção política dos governos denunciada há anos pelas entidades, já há diversas implicações visíveis: cortes de bolsas, diminuição do efetivo de limpeza e segurança, aumento das refeições servidas pelo Restaurante Universitário, redução de recursos para a realização de pesquisas, entre outros.
Ao contrário do que o governo diz, as entidades têm elementos que comprovam que os recursos para os direitos públicos não diminuíram, mas estão sendo destinados justamente ao setor privado, por meio de renúncias fiscais e outros programas de parceria público-privado.
Com relação ao Future-se, as entidades pretendem apresentar as implicações da proposta, desvelando ponto a ponto as intenções do governo.
“Nós tivemos um ano dificílimo na universidade. Tivemos corte de luz, de bolsas, greve do pessoal da segurança e da limpeza. É urgente discutir esses cortes, entender a universidade e saber o rumo que vamos tomar. Também deveremos nos posicionar contra o Future-se que, entre outras coisas, pretende privatizar a universidade de uma maneira velada, alugando seus prédios e transformando o MEC num fundo de investimentos. É hora da UFMT se juntar a imensa maioria das universidades brasileiras que já disseram não a esse programa”, disse o diretor geral da Adufmat-Ssind, Aldi Nestor de Souza, convocando a comunidade acadêmica.
Até a terça-feira, as categorias realizam diversas atividades na universidade, como panfletagens e arrastões visitando os blocos e salas de aula para mobilizar estudantes, professores e técnicos.
Luana Soutos