Os agricultores mato-grossenses querem que o novo Plano de Safra a ser anunciado pelo presidente Lula vá além das medidas de estímulo e apoio à produção.
“Os produtores precisam muito mais do que isso [recursos e juros mais baratos]. O setor quer uma solução para o problema do endividamento rural, que vem tirando o sono do produtor nos últimos anos e corroendo o seu patrimônio”, disse o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado (Famato), Homero Pereira.
Segundo ele, a dívida rural brasileira atingiu uma “cifra astronômica” nos últimos anos. “Passamos de R$ 30 bilhões, em 1994, para R$ 130 bilhões este ano. Temos que encontrar uma saída urgente para este problema”.
Em Mato Grosso, estima-se que o montante das dívidas agrícolas – custeio e investimentos – ultrapasse a R$ 5 bilhões. Deste total, mais de R$ 3 bilhões são relativas aos investimentos (compra de máquinas, equipamentos, tratores e outras aquisições).
SOLUÇÃO – O anúncio do Plano de Safra também embute as discussões sobre uma nova solução para o endividamento do setor. O governo federal está disposto a avançar nas medidas anunciadas na semana passada.
As dívidas de custeio das temporadas 2004/05 e 2005/06, já repactuadas no ano passado, devem ser jogadas para o final dos contratos. Para isso, estuda-se um “pedágio” de correção dos débitos pela taxa Selic (12% ao ano).
A medida, aplicada entre os dias 2 de janeiro e 30 de agosto, seria um sinal de diferenciação para inadimplentes. Os débitos de investimento teriam a aplicação da diferença dos juros originais e a atual TJLP (6%) sobre os saldos devedores. E isso seria descontado das parcelas anuais pagas pelos produtores