A produção de veículos automotores (inclui automóveis, caminhões e motos) teve a maior queda da história, segundo a série iniciada em 1991 pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). De outubro para novembro, a produção desse setor caiu 22,6%.
Somente a produção de automóveis despencou 34,2% na comparação com novembro de 2007. Trata-se da maior queda desde dezembro de 98, quando essa produção havia caído 39,8%.
O resultado reflete o impacto da crise no setor mais atingido, o de bens de consumo duráveis. A produção de veículos automotores representa mais da metade do segmento. O coordenador de Indústria do IBGE, Silvio Sales destacou que a indústria de bens de consumo duráveis é a mais sensível em relação à restrição de crédito no mercado.
De setembro a novembro, a produção de bens de consumo duráveis caiu 23,6%. Nível parecido de queda só havia sido verificado em 1998 (-23,8%), mesmo assim, em tempo bem maior —entre maio e dezembro.
“Isso ilustra a intensidade da queda da indústria, e principalmente, deste segmento”, observou Sales.
A forte queda deste segmento acabou afetando diretamente outras cadeias da indústria, como a de bens intermediários. Este segmento foi afetado também pela redução das exportações.
“A queda da indústria automobilística acaba atingindo outros setores, como de autopeças e aço, que são componentes dos veículos”, explicou Sales.
De julho a novembro, a produção de bens intermediários registrou perda de 9,9%. Outro dado que exemplifica o quanto a crise vem afetando a indústria é o fato de que uma queda semelhante (9,6%) havia sido notada apenas por um período de oito meses ao longo de 2001.
A queda de 5,2% da produção industrial em novembro, a pior desde maio de 1995, foi generalizada e atingiu o maior número de setores desde que as atuais 27 áreas passaram a ser pesquisadas, em 2002. Silvio Sales lembrou que em maio de 1995, quando a produção despencou 11,2%, menos setores eram abordados (23), e o resultado foi fortemente influenciado pela maior greve já registrada na produção e refino de petróleo.
“O resultado de novembro mostra um quadro de acentuação da queda e o alargamento dos setores atingidos. Essa redução começou em outubro e se aprofundou no perfil dos setores”, afirmou Sales.
O especialista ressaltou que o fraco desempenho da indústria reflete a escassez de crédito e a redução das exportações agravada pela crise financeira mundial. Sales disse ainda que diversos segmentos registraram quedas que remetem a níveis da década de 90 e do início da década atual. É o caso da média móvel trimestral, cuja redução de 2,1% é a mais significativa desde janeiro de 98.
F.Online