A produção de bens de consumo no Brasil atingiu o maior nível em toda a sua história. Em março, o segmento industrial avançou 2,2% além do nível registrado em setembro de 2008, mês em que eclodiu a crise econômica mundial, até então o patamar mais alto, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
“A indústria de bens de consumo é a única categoria da indústria que está operando no maior nível de produção já registrado na série histórica da nossa pesquisa”, afirma André Macedo, gerente de análise e estatísticas do departamento de indústria do IBGE. “São segmentos que não perderam tanto quanto os outros com a crise econômica.”
Fabricantes de alimentos e bebidas, móveis e papel atingiram o ponto máximo de produção de toda a série de estatística da Pesquisa Industrial Mensal (PIM) elaborado pelo IBGE. Doze dos 27 segmentos investigados pelo instituto cresceram acima do nível registrado em setembro de 2008.
A produção de bebidas aumentou 26,2% depois da crise. Máquinas para escritório e equipamentos de informática (12,7%), outros produtos químicos (12,3%), mobiliário (11,61%), perfumaria (11,5%), farmacêutica (9,3%), produtos de metal (8,7%) e celulose e papel (7,3%) foram os que mais cresceram em março em relação a setembro de 2008.
No segmento de bens semi-duráveis e não-duráveis, a produção aumentou 3% quando comparado a setembro daquele ano. As indústrias têxtil, de alimentos e calçados também recuperaram os níveis de produção pré-crise.
A indústria de bens intermediários também recuperou as perdas e já opera em níveis pré-crise. Apenas a indústria de bens de capital opera com queda de 7,4%, apesar de a produção de máquinas e equipamentos ter saltado 42% no primeiro trimestre em relação ao mesmo período do ano passado.
De acordo com a última Sondagem Industrial da Fundação Getúlio Vargas (FGV), a indústria de bens de consumo atingiu em abril 86,3% da capacidade de produção, percentual bem acima da média dos últimos sete anos, de 81,1%. É a categoria mais perto do limite de produção, segundo a pesquisa da FGV.
Fabricantes de bens de consumo duráveis utilizaram 90,7% da capacidade instalada, segundo a pesquisa, enquanto o percentual para bens não duráveis chegou a 84,7%. Em toda a indústria de transformação, o nível de utilização da capacidade instalada alcançou 85,1%, segundo a FGV.
A produção recorde da indústria brasileira, encostando os níveis máximos de capacidade, tem sido um dos argumentos para que o Banco Central aumente os juros.
“O Banco Central poderá intensificar o ajuste da Selic na reunião do Copom agendada para dia 8 de junho”, informam analistas da consultoria LCA.
“Apesar das críticas inevitáveis, mais uma vez o Banco Central tomou a medida mais acertada, porque pior que o encarecimento do crédito é a ameaça inflacionária”, diz o economista Emerson Castello Branco Siemenes.
U.Seg