Num discurso proferido na conferência de cúpula de Segurança Alimentar, em Roma, o secretário-geral da
ONU, Ban Ki-moon, apelou para a necessidade de duplicar a produção mundial de alimentos até 2030,
como forma de superar a atual crise de baixa produção e preços elevados no setor. A conferência, que
decorre até quinta-feira promovida pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura
(FAO), tem como objetivo encontrar formas de melhorar a segurança e qualidade alimentares, discutindo a
atual crise mundial, que já provocou violentos motins em vários países. Ban Ki-moon falou ainda sobre a
importância da utilização de biocombustíveis, a necessidade de minimizar as restrições à exportação e os
impostos sobre as importações, pedindo aos cerca de 50 países representados para não se “deixarem
tentar por políticas alimentares que empobreçam os (países) vizinhos”. Jacques Diouf, director-geral da
FAO, partilha da visão de Ban Ki-moon sobre a importância de aumentar a produção agrícola, sobretudo
nos países mais pobres, através do aumento das ajudas financeiras pelos estados ricos. “O tempo dos
discursos terminou”, exclamou. O Papa Bento XVI enviou também uma mensagem aos líderes mundiais
presentes na conferência da FAO, lida por um enviado do Vaticano. O Santo Pontífice considera a fome e
a desnutrição “inaceitáveis” num mundo que tem a capacidade para acabar com tais situações e apelou à
“globalização da solidariedade”, informa o Correio da Manhã. Ban Ki-moon sublinhou também em seu
discurso nesta terça que esta crise poderá acrescentar mais 100 milhões de pessoas aos 850 milhões que já
passavam fome. Ele anunciou algumas das primeiras recomendação do grupo de trabalho criado no seio da
ONU para responder à crise alimentar. O primeiro passo, disse, é permitir o acesso a alimentação por parte
das pessoas mais vulneráveis, o que passará por aumentar a ajuda alimentar, expandir programas de
proteção social e incrementar a produção agrícola dos pequenos produtores através da doação de
sementes e fertilizantes, de forma a que possam plantar ainda este ano, diz o Público. O Banco Mundial
calcula que houve um aumento de 83% nos alumentos nos último três anos. Especulação nos preços, o
crescente uso de alimentos para a produção de biocombustíveis e o simples aumento dos combustíveis
conspiraram para fazer os preços disparar, dizem analistas, de acordo com o Wall Street Journal. Dados de
outras organizações internacionais, incluindo o Fundo Monetário Internacional, mostram que o aumento da
demanda de biocombustíveis contribui com 15% a 30% do aumento dos preços dos alimentos, disse
Frederic Mousseau, diretor da Oxfam, grupo humanitário inglês.
ASemana