último fim de semana, praticamente enterram as chances de manutenção de Fernando Haddad no cargo de ministro da Educação. Apesar de contar com a admiração do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ele já enfrentava resistências do PT e da própria presidenta eleita, Dilma Rousseff.
Haddad chegou ao cargo de ministro depois que o então titular em 2005, Tarso Genro, deixou a pasta para comandar de forma interina o PT. Na época, trabalhava como secretário-executivo de Tarso e ganhava confiança por executar as ações do ministério colocando aspectos técnicos como prioridades. De lá para cá, conseguiu ganhar a confiança de Lula. A empolgação com Haddad chegou ao ponto de ele ser cogitado até para disputar a eleição deste ano como candidato ao governo de São Paulo.
No PT, contudo, Haddad nunca conseguiu consolidar seu nome. Com perfil mais técnico do que político, não se aproximou de nenhuma das correntes internas do PT. Seu grande padrinho sempre foi o presidente da República, que gosta de comemorar o aumento do número de universidades públicas no país, a expansão rede técnica federal e o sucesso do ProUni.
Com Dilma, o ministro nunca teve muita afinidade. O prestígio com Lula fez com que Haddad enfrentasse de igual para igual a então ministra-chefe da Casa Civil. Ele se negou a cumprir metas de Dilma que considerou “exageradas”. Entre elas, a de impulsionar uma universidade brasileira a figurar como uma das dez maiores do mundo em pouco tempo ou de querer impor metas imediatas de melhoria da qualidade de ensino das escolas públicas do País muito altas.
Haddad sempre soube que sua permanência no cargo seria difícil apesar da vontade de Lula. Além do ProUni e as novas universidades federais, o Enem era a grande vitrine de gestão de Haddad. Como o exame do ensino médio registrou problemas pela segunda vez consecutiva, o ministro acabou enfraquecido.
Por isso mesmo, Haddad já disse que “se prepara” para voltar São Paulo, seu Estado de origem. Nesta segunda-feira, durante entrevista coletiva, o ministro tentou demonstrar tranquilidade quando falou sobre o assunto. Chegou a declarar que não estava pensando em continuar no cargo. Haddad fez questão de ressaltar que o caso do Enem também não influenciaria.
Adriano Ceolin e Priscilla Borges, iG Brasília