Controlar a pressão arterial de 25% dos brasileiros com hipertensão significaria redução de R$ 804 milhões (US$ 482 milhões) nos custos anuais do Ministério da Saúde com o tratamento. Para se ter idéia da importância da economia, ela seria maior, por exemplo, do que os R$ 700 milhões que o Governo federal gastou em 2007 com a distribuição de remédios anti-retrovirais pelo Programa Nacional de DST/Aids. Essa economia é apontada por um relatório do Banco Mundial enviado em 2005 ao governo brasileiro e divulgado apenas nesta semana pela Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC).
O estudo revela também que o controle da pressão arterial dessa população resultaria em US$ 2,153 milhões economizados com perdas financeiras decorrentes da incapacidade de pacientes, vítimas, por exemplo, de acidentes vasculares cerebrais (AVCs). “Isso impacta diretamente na força de trabalho”, diz Rosa Sampaio, coordenadora nacional de Hipertensão e Diabete do Ministério da Saúde.
Um dado inédito do ministério chama a atenção: 21,6% da população com 18 anos ou mais é hipertensa. Isso representa cerca de 26,5 milhões de pessoas que sabem que têm a doença. Apenas 5.076.631 estão no Sistema Nacional de Cadastro e Monitoramento de Hipertensos e Diabéticos (Sis-Hiperdia). Pior, 1.478.304 sofrem de hipertensão e diabete.
Descontrole
Segundo Rosa, o controle da doença ainda é baixo não apenas no Brasil. “No máximo 20% dos pacientes mantêm a pressão de no máximo 14 por 9”, diz. Essa é a recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) para evitar as conseqüências da doença. Cerca de 40% dos casos de insuficiência cardíaca, 80% dos AVCs e 25% dos casos de insuficiência renal terminal são resultados da hipertensão.
Para o presidente do departamento de Hipertensão Arterial da SBC, Carlos Alberto Machado, o problema assume importância maior quando se constata a baixa adesão ao tratamento. “Não temos a cultura da prevenção e a maioria dos pacientes abandona os remédios ainda no primeiro ano de tratamento.”