Conhecido popularmente como derrame CEREBRAL, o Acidente Vascular Cerebral (AVC) é uma complicação aguda e súbita comum nos dias de hoje. O AVC tipo isquêmico de origem cardíaca (conhecido tecnicamente como cardioembólico) é quando um coágulo sanguíneo se forma no coração em geral dentro de um átrio esquerdo ou apêndice atrial doente e migra para o cérebro.
Isso acontece predominantemente em pessoas que tenham alguma doença cardíaca, em especial a fibrilação atrial (um tipo de arritmia cardíaca) ou mesmo por Doenças das válvulas cardíacas, Insuficiência cardíaca e Infarto agudo do miocárdio.
A maior incidência é para pacientes acima de 60 anos, entretanto, jovens com fibrilação atrial, embora em menor número, também estão sujeitos a ter um AVC dependendo dos fatores de risco envolvidos.
Esta arritmia é facilmente diagnosticada por uma avaliação clínica incluindo história clínica, ausculta cardíaca e eletrocardiograma.
Infelizmente alguns pacientes apresentam AVC como primeiro evento sem os sintomas prévios da arritmia.
Porém, nem tudo está perdido. O AVC é um evento prevenível. Indivíduos com fibrilação atrial e fatores de risco como hipertensão, insuficiência cardíaca, diabetes e AVC prévio estão entre os de maior risco. Estes devem receber especial atenção do médico para as medidas preventivas e escolha da terapêutica adequada.
O problema é que muitas pessoas não tem o hábito de procurar o cardiologista para fazer um check up e podem ser surpreendidos por um AVC.
Muitos casos são assintomáticos e a pessoa nem sabe que está nesse grupo mais sujeito a ter um AVC justamente porque nunca passou por cardiologista e descobre tardiamente. Sintomas como uma “batedeira” no peito (arritmia cardíaca) e falta de ar são alertas importantes.
Consultas regulares contendo a avaliação do eletrocardiograma por um cardiologista são fundamentais para aqueles com qualquer fator de risco incluindo idade acima de 65 anos.
Infelizmente o AVC é uma causa importante de dependência de modo que dependendo do tempo em que levou para ser socorrido o indivíduo pode ficar com seqüelas na parte neurológica tanto na fala quanto nos movimentos de um lado do corpo envolvendo pé e/ou mão.
Na fase aguda do AVC o paciente tem que ser rapidamente avaliado e alguns desses pacientes em até 4,5h do evento são candidatos a receber um trombolítico na veia para desobstruir a artéria cerebral.
Porém, a única forma de diminuir o risco é com a prevenção. É fundamental que as pessoas passem pelo cardiologista uma vez por ano para saber se não estão nesse grupo de risco para assim serem tratadas. As medidas para prevenção que podem variar e devem ser individualizadas pelo médico assistente podendo envolver medicamentos (anticoagulantes, antiarritmimos) ou outras formas de tratamento.
Para os indivíduos de alto risco recomendamos consultas freqüentes, haja vista que o uso de anticoagulantes (com o paciente adequadamente acompanhando com médico cardiologista) tem provado excelente resultado na redução de eventos confirmando a importância da detecção precoce da doença.
Vale o alerta que a prevenção é sempre melhor que o tratamento.
Ronaldo Peixoto de Mello é cardiologista, especialista em arritmia cardíaca e Eletrofisiologista premiado por melhor publicação da Cardiologia pela Sociedade IberoAmericana de Cardiologista em 2013.