Após pressão de governadores, a presidente Dilma Rousseff ordenou ao Ministério das Cidades que mudasse projetos de transportes para a Copa-2014.
Graças à interferência, as cidades de Salvador (BA) e Cuiabá (MT) puderam trocar o BRT (ônibus em corredores exclusivos) por sistemas mais caros e com conclusão mais demorada, como metrô e VLT (Veículo Leve sobre Trilhos).
Os governadores Jaques Wagner (PT-BA) e Sinval Barbosa (PMDB-MT) encabeçaram o lobby pela mudança.
Em Cuiabá, houve inclusive substituição de um parecer técnico favorável ao BRT por outro defendendo o veículo leve, conforme noticiou o jornal "O Estado de S. Paulo". Na Bahia, Jaques Wagner recebeu o sinal verde de Dilma em 5 de agosto.
O BRT tinha sido priorizado pelo governo federal em 2009, sob a justificativa de que os outros sistemas não seriam concluídos a tempo do Mundial. Empreiteiras e empresas de equipamento ferroviário, entretanto, passaram a pressionar pela alteração. O ministro Mário Negromonte (Cidades) chegou a esboçar resistência, mas cedeu ao lobby.
Em Salvador, onde o projeto de BRT tinha financiamento garantido, a solução foi retirar o plano do PAC da Copa. Em Cuiabá, a troca do BRT pelo VLT representou aumento nos custos -de R$ 500 milhões para R$ 1,2 bilhão.
Segundo "O Estado de S.Paulo", a manobra foi feita com participação do chefe de gabinete de Negromonte, Cássio Peixoto. O jornal divulgou gravação de reunião em que a diretora do departamento de mobilidade urbana da pasta, Luiza Gomide, contou a colegas que recebera orientações superiores.
Resposta
O Planalto afirmou que a mudança de modelos foi legal e amplamente discutida em público. Também negou que tenha sofrido qualquer pressão política.
Luiza Gomide, do Ministério das Cidades, também negou ter sido pressionada. A assessoria de Jaques Wagner disse que as mudanças eram tecnicamente adequadas.
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