Nadaf, que estava licenciado da presidência da Fecomércio desde o dia 1° de setembro, é acusado pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro com base nas investigações da operação Sodoma. Nadaf comandou a entidade por sete anos.
Pedro Nadaf encontra-se preso no Centro de Custódia de Cuiabá (CCC) desde o dia 15 de setembro, quando foi deflagrada a operação Sodoma.
A íntegra da carta com pedido de renúncia ainda não foi divulgada, mas a apresentação dela à Fecomércio por parte de advogados de Nadaf foi confirmada pela assessoria de imprensa da entidade. De acordo com a assessoria, a carta seria lida pelo presidente em exercício Hermes Martins da Cunha ainda nesta segunda-feira durante reunião do conselho de representantes, formado por 13 membros.
Pedro Nadaf foi eleito presidente da Fecomércio pela primeira vez em 2004 e comandou a entidade até junho de 2010 (o mandato foi prorrogado conforme prevê o estatuto). Ele voltou a ser eleito em 2014 para mandato de quatro anos. No entanto, com a renúncia, agora o restante do mandato deverá ser cumprido pelo atual presidente em exercício, que deverá ser efetivado à frente da federação até 2018. Enquanto presidente da Fecomércio, Nadaf também exerceu cargos da cúpula do Poder Executivo estadual. Ele foi chefe da Casa Civil de Mato Grosso e secretário de Indústria, Comércio, Minas e Energia (Sicme) durante o governo de Silval Barbosa (PMDB).
Logo após a prisão de Nadaf na operação Sodoma, a Fecomércio emitiu nota anunciando a instauração de um procedimento interno para apurar, em até 30 dias, a ligação entre a entidade e indícios dos crimes apontados pela operação. A Fecomércio afirmou que a abertura da investigação foi determinada pelo presidente em exercício em defesa da credibilidade da entidade. A nota também esclareceu que as informações de que a federação dispõe a respeito dos fatos investigados são todas oriundas da imprensa, uma vez que ela não recebeu qualquer notificação oficial a respeito.
Denúncia
De acordo com a denúncia do MP, Nadaf participou de um esquema de fraudes na concessão de incentivos fiscais do estado entre 2011 e 2014. Em troca pela concessão do benefício ilegal a um empresário, ele cobrou propina ao longo do período, recebendo 246 cheques que totalizaram mais de R$ 2,5 milhões.
Ainda segundo a denúncia, Nadaf utilizou as dependências da Fecomércio para se reunir com integrantes do esquema e uma funcionária da entidade (igualmente denunciada pelo MP) teria participado da etapa de lavagem do dinheiro arrecadado mediante pagamento de propina.
O advogado Alexandre Abreu, que defende Nadaf, já afirmou que os fatos imputados a ele nas investigações não passam de "ilações". Além disso, ele criticou o decreto de prisão contra o ex-secretário, classificando-o como uma "pirotecnia", uma vez que seu cliente não ofereceria qualquer tipo de risco ao andamento das investigações ou à ordem pública.
Operação Sodoma
Além de Pedro Nadaf, no dia em que a operação Sodoma foi deflagrada a Polícia prendeu também o ex-secretário de Fazenda Marcel de Cursi. Ambos estão em celas separadas no CCC. Os mandados de prisão da operação haviam sido expedidos pela Sétima Vara Criminal da capital.
No dia da operação a Polícia Civil também esperava cumprir mandado de prisão preventiva do ex-governador Silval Barbosa, mas ele não foi encontrado e acabou sendo dado como foragido. O ex-governador se apresentou diretamente à juíza Selma Rosane Santos Arruda 48 horas depois. Em seguida, foi interrogado pela Delegacia Fazendária (Defaz) e depois foi encaminhado para uma cela especial do Corpo de Bombeiros na capital.
Os três já tentaram obter a soltura por meio de Habeas Corpus no TJMT, mas sem sucesso, uma vez que os pedidos de liminares foram indeferidos pelo relator, o desembargador Alberto Ferreira de Souza, da Segunda Câmara Criminal do TJMT. A defesa de Silval Barbosa chegou a tentar novo Habeas Corpus no Superior Tribunal de Justiça (STJ), mas o pedido de liminar foi indeferido. Em seguida, a defesa recorreu ao Supremo Tribunal Federal (STF) e o novo pedido de Habeas Corpus acabou sendo distribuído para o ministro Luiz Edson Fachin, que ainda não analisou o pedido.
Com G1-MT