Ao apontar a excessiva dependência dos EUA como causa número um para a crise que pode levar o México a uma queda de 7% a 8% do PIB neste ano, o presidente mexicano, Felipe Calderón, deu algumas estocadas no país vizinho e defendeu a “diversificação” política, comercial e diplomática do México em direção à América do Sul, informa reportagem de Eliane Catanhêde e Flávia Marreiro para a Folha (íntegra disponível para assinantes do jornal e do UOL).
De acordo com Calderón, setores americanos acusam o México injustificadamente na área de direitos humanos, não controlam o consumo interno de drogas e extrapolam os níveis mexicanos reais de violência. Numa comparação direta com a Colômbia, disse: “Nunca admitimos nem admitiremos atividades militares, de nenhum tipo, dos americanos em nosso território”. O objetivo da visita ao Brasil foi buscar o estreitamento nas relações econômicas, políticas e diplomáticas entre os países.
Leia trecho da entrevista que o presidente concedeu à Folha:
Folha – O sr. citou a dependência dos EUA como o principal motivo para a gravidade da crise econômica no México. Que lições ficam para o México e para os países da América Latina?
Felipe Calderón – Para nós, o que houve referendou o que já sabíamos fazia tempo, que precisávamos diminuir a dependência excessiva de uma só economia. Por isso, buscamos diversificar os investimentos e as exportações mexicanas, como já vínhamos fazendo desde os dois primeiros anos do meu governo. Pela primeira vez em décadas, os investimentos estrangeiros provenientes de outras fontes que não os EUA foram maiores do que os investimentos americanos. Só conseguimos, porém, reduzir as exportações de 91% para 83%, o que é evidentemente insuficiente. Temos de buscar outros mercados e outras vinculações econômicas muito mais ativas fora da região dos EUA.
F.Online