O presidente libanês, Emile Lahoud, que está deixando o cargo, pediu ao exército que assuma o controle da segurança do país na sexta-feira, após líderes oposicionistas não chegarem a um acordo sobre seu sucessor, o que deixa um vácuo na presidência a partir de meia-noite.
Lahoud considera o governo comandado pelo primeiro-ministro Fouad Siniora ilegítimo.
Em comunicado lido em seu nome, Lahoud disse que “os perigos de um estado de emergência” existem e encarrega ao “exército a autoridade de manter a segurança”.
Eleições adiadas
O Líbano deve ficar sem chefe de Estado a partir da meia-noite desta sexta-feira, depois do quinto adiamento da sessão parlamentar para a eleição de um novo presidente, agravando a crise na qual o país está mergulhado há um ano.
“A sessão foi adiada para a próxima sexta-feira, 30 de novembro, para mais discussões e para chegar a um acordo sobre o futuro presidente”, afirmou à imprensa o porta-voz do Parlamento, Mohammed Ballout, que leu um comunicado oficial do escritório de Nabih Berri – um dos principais membros da oposição apoiada por Damasco e Teerã.
Um outro cenário evocava a possibilidade de o campo anti-sírio organizar uma eleição por maioria simples pelos 68 deputados (de 127) dos quais dispõe. O Hezbollah, que exige um voto com um quórum de dois terços, indicou que “qualquer medida fora do consenso está condenada a um fracasso total”.
“Renunciamos provisoriamente a nosso direito de eleger por maioria simples”, afirmou Elias Atallah, deputado da maioria.
As declarações, além do fim do mandato presidencial, aumentam as incertezas sobre o futuro político do país e as preocupações sobre uma deterioração da segurança.
“Todos os libaneses têm medo de que a situação leve a tensões ou atritos nas ruas (…). Podemos exercer nossos direitos constitucionais e nossas atividades políticas longe de tensões como estas”, afirmou George Adwane, um deputado das Forças libanesas, partido cristão da maioria.
“Estamos prontos a discutir com todo o mundo para chegar a um acordo”, continuou.
Segundo Ali Hassan Khalil, deputado do movimento xiita Amal, “a oposição está determinada a proteger a estabilidade, a paz civil, as deliberações e as reuniões para chegar a um acordo sobre o presidente da República”.
A maioria parlamentar anti-síria acusa a oposição de querer um presidente não subordinado à Síria e ao Irã, preferindo escolher um chefe de Estado submisso aos americanos.
Quinta-feira, a maioria pediu a todos os deputados que comparecessem ao Parlamento para participar da sessão. A oposição advertiu que seus deputados boicotariam a reunião, apesar da presença.
Esta situação representa o fracasso de inúmeros apelos internacionais, em particular da França, muito presente sobre este caso há vários meses, mas também da ONU e da Liga Árabe, para tentar escolher um presidente “de amplo apoio” e no prazo constitucional.
Os chefes da diplomacia francesa, Bernard Kouchner, italiana Massimo D”Alema e espanhola Miguel Angel Moratinos, em missão a Beirute, mostraram-se desde quinta-feira à noite pessimistas sobre a realização de eleições.
A França indicou que “continua esperando” que os libaneses cheguem a um acordo para eleger o presidente.
Em razão do aumento da tensão política, as medidas de segurança foram reforçadas, sobretudo em Beirute e seus arredores. Blindados, em apoio a soldados e membros das Forças de Segurança estão posicionados nos principais cruzamentos da capital.