domingo, 22/12/2024
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Presidente Jair Bolsonaro recebe líderes sul-americanos na 55ª Cúpula do Mercosul

Brasil passará ao Paraguai a presidência rotativa do bloco. Evento também terá a participação do presidente da Argentina e de representantes da Colômbia, Equador, Peru e Suriname para a assinatura de cinco acordos na serra gaúcha.

O presidente Jair Bolsonaro participa nesta quinta-feira (5), em Bento Gonçalves (RS), da 55º cúpula dos líderes do Mercosul, bloco formado por Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai. Na ocasião, ele passará a presidência rotativa do grupo ao presidente paraguaio Mario Abdo Benítez. Também estarão presentes no evento o presidente da Argentina, Maurício Macri, e representantes da Colômbia, Equador, Peru e Suriname.

Segundo o Planalto, Bolsonaro embarca às 6h desta quinta para Porto Alegre, de onde seguirá de helicóptero até Bento Gonçalves.

Sete ministros integram a comitiva presidencial: Paulo Guedes (Economia), Onyx Lorenzoni (Casa Civil), Ernesto Araújo (Relações Exteriores), Tereza Cristina (Agricultura Pecuária e Abastecimento), Fernando Mandetta (Saúde), Osmar Terra (Cidadania) e o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.–:–/–:–

Jair Bolsonaro se reúne com outras lideranças na Cúpula do Mercosul

Jair Bolsonaro se reúne com outras lideranças na Cúpula do Mercosul

Os principais eventos da cúpula ocorrerão no Hotel & Spa do Vinho.

  • 11h: Reunião plenária da 55ª cúpula de chefes de Estado do Mercosul
  • 12h30: Cerimônia de assinatura de atos
  • 12h45: Fotografia oficial
  • 12h50: Cerimônia de plantio das “Vinhas do Mercosul”
  • 13h30: Almoço em homenagem aos chefes de delegação e de Estado
  • 14h45: Declaração à imprensa

Paisagem no Vale dos Vinhedos, no RS. — Foto: Rodrigo Parisotto

‘Cúpula do Vale dos Vinhedos’

A “Cúpula do Vale dos Vinhedos”, como está sendo chamado o primeiro encontro de líderes do Mercosul realizado no Rio Grande do Sul, ocorre em um momento de mudanças de governos em dois integrantes do bloco e de tensões comerciais e políticas na América do Sul, entre as quais:

  • Posse de Alberto Fernández como presidente na Argentina na próxima terça-feira (10), que marca a volta da esquerda ao poder;
  • Eleição do centro-direitista Luis Lacalle Pou como presidente do Uruguai, que encerra um ciclo de 15 anos da esquerda à frente do país;
  • Renúncia de Evo Morales, autodeclaração de Jeanine Añez como presidente interina e conflitos nas ruas da Bolívia;
  • Onda de protestos no Chile iniciada em setembro, após um aumento de 30 pesos (equivalente a R$ 0,17) nas tarifas do metrô de Santiago;
  • Anúncio pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, da volta de taxas ao aço e ao alumínio de Brasil e Argentina.

Fundado em 1991, o Mercosul incorporou a Venezuela em 2012. Porém, o país governado por Nicolás Maduro está suspenso por descumprir obrigações da adesão e por “ruptura da ordem democrática”.

De acordo com Itamaraty, em 2018, o Brasil exportou US$ 20,83 bilhões para os parceiros do Mercosul e importou US$ 13,37 bilhões – o que dá superávit de US$ 7,46 bilhões.

Presidente Jair Bolsonaro durante discurso em evento em Pelotas (RS) no Rio Grande do Sul nesta segunda-feira (12) — Foto: Reprodução/RBS TV

Presidente Jair Bolsonaro durante discurso em evento em Pelotas (RS) no Rio Grande do Sul nesta segunda-feira (12) — Foto: Reprodução/RBS TV

Volta ao RS

Será a terceira vez de Jair Bolsonaro no Rio Grande do Sul como presidente da República. Em maio, na primeira visita, ele participou da Festa Nacional da Artilharia, que homenageava o marechal Emílio Luiz Mallet em Santa Maria, na Região Central do estado.

Em agosto, na sua segunda passagem, o presidente inaugurou um trecho duplicado da BR-116, em Pelotas, na Região Sul do estado. Naquela vez, Bolsonaro criticou o que acredita ser excesso de burocracia na legislação ambiental ao afirmar que encontrar “cocozinho petrificado de índio” impede a realização de obras.

Na ocasião, Bolsonaro também disse que não quer “irmãos argentinos fugindo para cá”, após derrota de Mauricio Macri nas eleições primárias do país vizinho — o que acabou se confirmando nas eleições gerais.

Esta será a última Cúpula do Mercosul com Macri à frente da Argentina, já que Alberto Fernández foi eleito e deverá estar nas próximas reuniões. Ele assume o governo na próxima semana.

Acordos comerciais

O governo brasileiro destacou no balanço das atividades da presidência rotativa do Mercosul o avanço nas negociações comerciais com outros países e blocos, na esteira do acordo com a União Europeia.

Em agosto, foi anunciado acordo de livre comércio com o Efta (Associação Europeia de Livre Comércio), que reúne Suíça, Noruega, Islândia e Liechtenstein.

Secretário de Negociações Bilaterais e Regionais nas Américas do Itamaraty, o embaixador Pedro Miguel da Costa e Silva informou à imprensa que, além deste acordo, avançaram negociações com Canadá, Coreia do Sul, Cingapura e Líbano, além de conversas iniciais com Vietnã e Indonésia.

Os presidentes do Brasil, Jair Bolsonaro, e do Paraguai, Mario Abdo Benítez, no Palácio do Planalto — Foto: Marcos Corrêa/Presidência da República

Presidência paraguaia

Os presidentes do Brasil, Jair Bolsonaro, e do Paraguai, Mario Abdo Benítez, terão uma reunião bilateral às 10h, antes do início da cúpula dos chefes de Estado do Mercosul, na qual o líder brasileiro passará a presidência rotativa do bloco ao governo paraguaio.

Os países do bloco se revezam à frente do Mercosul em mandatos que duram seis meses. O Brasil recebeu o comando do bloco em julho do governo argentino.Ao assumir o Mercosul, Bolsonaro destacou que o grupo precisava dedicar especial atenção às negociações externas, na revisão da tarefa externa comum (TEC) e na reforma institucional do bloco sul-americano.

Segundo o Itamaraty, em 25 anos, a tarifa comum não passou por uma grande revisão e, durante a presidência brasileira, foram trocadas informações e avaliações sobre o tema.

Conforme o embaixador Pedro Miguel da Costa e Silva, o Brasil deu continuidade à agenda argentina e espera que o Paraguai faça o mesmo. Ele deu como exemplo o processo de enxugamento do Mercosul, a fim de reduzir o número de órgãos, simplificar trabalhos e reduzir custos.

Indicação geográfica e assinatura digital

Segundo o embaixador Pedro Miguel da Costa e Silva, os governos dos países do Mercosul discutiram acordos que poderão ser assinados ao final da cúpula desta quinta.

Um dos acordos que deve ser assinado trata da “proteção mútua” dentro do bloco de produtos com indicação geográfica, como “vale dos vinhedos”, “queijo canastra” e “café do Cerrado”.

“[O acordo] É para você garantir que uma determinada marca de valor seja respeitada dentro do bloco. Você evita que uma empresa de outro país use indevidamente uma marca que é uma marca de um dos países do Mercosul”, explicou Costa e Silva.

Também poderá ser assinado acordo de reconhecimento de assinaturas digitais. “Se o cidadão tem uma assinatura digital que é válida no Brasil, ela passará a ser aceita nos outros países. Isso facilita a vida das pessoas”, detalhou o embaixador.

O Mercosul também negocia acordo de cooperação policial. Nesse caso, se a polícia de um país perseguir um criminoso e ele cruzar a fronteira, será possível manter a busca, em contato e colaboração com as autoridades do país vizinho.

Jair Bolsonaro e Mauricio Macri acenam em salão da Casa Rosada, em Buenos Aires — Foto: Agustin Marcarian/Reuters

Despedida de Macri

Derrotado na tentativa de se reeleger, Mauricio Macri participa de sua última cúpula do Mercosul como presidente da Argentina às vésperas da posse do novo governo. Alberto Fernández, que tem a ex-presidente Cristina Kirchner como vice, toma posse na próxima terça-feira.

A presidência de Macri à frente do Mercosul, no primeiro semestre de 2019, foi marcada pelo anúncio do acordo comercial entre Mercosul e União Europeia, que ainda precisa ser aprovado pelos países envolvidos para entrar em vigor, o que não há prazo para acontecer.

Com a saída de Macri, fica a expectativa sobre como ficarão as relações entre Brasil e Argentina. Bolsonaro apoiou a reeleição de Macri e decidiu não ir à posse de Fernández, que, por sua vez, defendeu a liberdade do ex-presidente Lula.

Chanceler da Bolívia, Karen Longaric, representa a Bolívia na Cúpula do Mercosul — Foto: David Mercado/Reuters

Chanceler da Bolívia, Karen Longaric, representa a Bolívia na Cúpula do Mercosul — Foto: David Mercado/Reuters

Participação da Bolívia

Conforme o Itamaraty, não há previsão da presença na reunião de cúpula de representantes dos governos eleitos da Argentina e no Uruguai. Já o governo interino da Bolívia deverá participar da reunião, com previsão de ser representado pela chanceler Karen Longaric.

O Itamaraty informou que o Brasil enviou convite ao governo boliviano por estar na presidência rotativa do Mercosul. A Bolívia é um dos países associados ao bloco e está em processo de adesão ao Mercosul, cujas reuniões de cúpula contam com representantes dos países associados.

O Brasil reconhece a gestão de Jeanina Añez, autodeclarada presidente interina da Bolívia após a renúncia de Evo Morales, que está asilado no México.

A crise na Bolívia estourou em outubro. Evo foi reeleito em primeiro turno, porém, protestos e denúncias de fraude na votação aumentaram a tensão no país. O ex-presidente perdeu apoio dos militares, que pediram sua saída. Ele renunciou à presidência no dia 10 de novembro.

A segunda-vice-presidente do Senado, Jeanine Áñez, se autoproclamou presidente interina e convocou novas eleições.

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Parmenas Alt
Parmenas Alt
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