O presidente libanês afirmou que existia um complô contra seu país para “minar a unidade, a terra, o povo e as instituições” e aplicar o plano do “Novo Oriente Médio”, patrocinado pelo governo de Washington.
“Hoje provamos para nós mesmos e para o mundo que o Líbano não apenas triunfou sobre as agressões israelenses, mas também sobre os planos para dividi-lo. Ressuscitou forte graças a sua união, a seu apego à soberania, à independência e à liberdade”, declarou.
Prejuízos
Um mês de intensos bombardeios israelenses provocou um montante “desastroso” de 3,6 bilhões de dólares em danos no Líbano e o país árabe vai precisar de anos para se recuperar, disse o chefe da agência libanesa de reconstrução na sexta-feira.
Al-Fadl Shalaq, dirigente do Conselho de Desenvolvimento e Reconstrução (CDR), equiparou a destruição deixada pelos 34 dias de guerra entre Israel e a guerrilha Hezbollah aos danos resultantes da guerra civil no Líbano (1975-1990), que devastou o país.
“Quando eles dizem que 900.000 pessoas foram expulsas de suas casas, isso representa um quarto da população libanesa. Qual país pode suportar ter um quarto de seus moradores transformados em refugiados? Imagine se um quarto dos 60 milhões de franceses, ou seja, 15 milhões de franceses, fossem tirados de suas casas”, disse.
Reconstrução
A União Européia (UE) expressou hoje sua vontade de liderar a reconstrução do Líbano devastado pela guerra. O bloco europeu alega ter credibilidade perante as partes do conflito. “Encontrar uma solução política para o conflito no Oriente Médio, e a construção que começará em breve são um teste para a política externa da União Européia”, afirmou a ministra de Negócios e Desenvolvimento da Finlândia, Paula Lehtomaki. Atualmente o país detém a cadeira da UE.
Ontem, a ministro voltou de uma viagem ao Líbano e a Israel e afirmou que “a UE será uma força de liderança no processo de reconstrução”. Lehtomaki disse ainda que os membros do bloco e a Comissão executiva prometeram 115 milhões de euros em ajuda humanitária ao Líbano.
Ocupação do sul
O Exército libanês deu prosseguimento nesta sexta-feira ao deslocamento pelo sul do Líbano, à espera dos reforços internacionais que a ONU, consciente da fragilidade da trégua na região, tenta com conseguir com urgência. O retorno de 15.000 soldados libaneses ao sul do país, e a presença da Finul estão previstas na resolução 1.701 do Conselho de Segurança da ONU.
Segundo um diplomata que pediu anonimato, Bangladesh, Indonésia, Malásia e Nepal propuseram o envio de pelo menos um batalhão cada. A Dinamarca teria oferecido dois navios de guerra. Espanha, Egito, Marrocos e Bélgica informaram que analisavam a situação antes de um compromisso oficial. Na manhã desta sexta-feira, o governo italiano aprovou o envio de oficiais ao Líbano, e a medida foi aprovada pelo Parlamento.
A França, com a qual a ONU contava como base essencial da força, ofereceu apenas 200 homens como reforço de emergência, que se somarão aos 200 capacetes azuis franceses da atual Finul, número muito inferior às expectativas das Nações Unidas. O presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, expressou hoje seu desejo de que França ofereça mais soldados além do contingente inicial já prometido.
Volta para casa
Cinco dias depois do início da trégua, os refugiados e os comboios militares prosseguiam em seu fluxo para o sul do Líbano. Quase um milhão de pessoas foram deslocadas pelo conflito, dentro do Líbano e além de suas fronteiras. Desde segunda-feira, centenas de milhares de civis iniciaram a viagem de retorno.
No entanto, a recusa do Hezbollah de entregar as armas ao Exército libanês provoca inquietação entre os outros partidos. O druso Walid Jumblatt, um dos líderes da maioria anti-síria, insistiu na idéia de incorporar os combatentes da milícia xiita ao Exército nacional para evitar um novo conflito com Israel.
O líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, não aceita que a idéia de desarmar seus homens seja adotada de maneira precipitada e sob pressão de outros partidos. Na quinta-feira, Washington recordou que o governo libanês havia assumido o compromisso de desarmar o Hezbollah, descartando a possibilidade de que Beirute descumpra sua palavra.