domingo, 22/12/2024
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Presidente do Fed vê fraqueza na economia dos EUA, além de risco de inflação

O presidente do Federal Reserve (Fed, banco central americano), Ben Bernanke, disse hoje que a economia americana irá se desacelerar “de forma notável” durante o atual trimestre, e também alertou para o risco de inflação.

Diante do Comitê Econômico Conjunto formado por membros das duas câmaras do Congresso americano, Bernanke descreveu uma economia em uma posição muito frágil, presa entre uma fraqueza inerente e preços em alta pelo valor da energia e pela depreciação do dólar.

É a receita para a “estanflação”, uma palavra que soa tão horrível como o seu significado: uma estagnação econômica acompanhado de inflação.

Nessa situação, os altos preços impedem o Fed de usar o “desfibrilador” da redução das taxas de juros para ressuscitar a economia.

Bernanke prevê um período difícil para os Estados Unidos a curto prazo. Segundo o presidente do Fed, o crescimento de 3,9% entre agosto e setembro – que superou as previsões dos analistas – foi algo efêmero, e a atividade econômica cairá “de forma notável” no atual trimestre.

Bernanke declarou também que a “contração” do mercado imobiliário “provavelmente se intensificará” e que o mesmo acontecerá com o consumo, o bastião da economia em outros períodos de fraqueza, com o investimento podendo seguir o mesmo caminho.

O crescimento se manterá “lento” na primeira parte de 2008 e, após esse espaço de tempo, irá recuperar seu ritmo normal com o desaparecimento dos efeitos da redução do crédito e da crise imobiliária, explicou Bernanke.

Suas palavras abortaram qualquer esforço de recuperação do mercado de ações após a forte queda registrada ontem pelo índice Dow Jones, que caiu mais de 360 pontos (2,64%).

Às 16h de hoje (horário de Brasília), este índice já tinha caído outros 198 pontos (1,49%), depois de a maioria das cadeias de varejo terem informado sobre quedas em suas vendas em outubro, como se quisessem ressaltar os temores de Bernanke a respeito do consumo.

O dólar teve hoje uma desvalorização de 0,5% frente ao euro, que foi cotado a US$ 1,4694, refletindo as condições das economias da eurozona.

Ao contrário da situação nos EUA, a zona do euro crescerá de forma “sustentada”, segundo disse hoje em Frankfurt o presidente do Banco Central Europeu (BCE), Jean-Claude Trichet, após a decisão do organismo de manter a taxa básica de juros sem mudanças.

Por outro lado, o Comitê Federal de Mercado Aberto do Fed diminuiu a taxa básica de juros em sua última reunião, em 31 de outubro deste ano, para 4,5%.

O presidente do Fed não deu pistas hoje sobre o que pode decidir em sua próxima reunião, em 11 de dezembro.

O reconhecimento da fraqueza econômica pode apontar para um corte nos juros, mas a inflação é um perigo real, como Bernanke deixou claro.

Reconheceu que o aumento do preço do barril de petróleo, próximo dos US$ 100 nos mercados americanos, “renovou a pressão para uma alta na inflação e pode ser mais um freio à atividade econômica”.

Com uma clareza pouco usual, o ex-catedrático de economia da Universidade de Princeton disse que o índice de preços provavelmente vai subir a curto prazo, devido ao aumento do valor das matérias-primas em geral e à depreciação do dólar, o que encarece as importações.

Caso estes fatores desestabilizem as expectativas inflacionárias, também podem elevar a inflação a longo prazo, alertou.

Os congressistas que ouviram Bernanke não esconderam sua preocupação, independentemente do partido do qual fazem parte.

O senador democrata Charles Schumer, que presidiu a sessão, alertou para os efeitos da queda dos preços no mercado imobiliário, os problemas do mercado de crédito, a fraqueza do dólar e o alto preço do petróleo.

“São os quatro cavaleiros (do Apocalipse)”, disse.

Em seu discurso, Bernanke se referiu ao mercado de crédito em termos pouco animadores.

Constatou que “a volatilidade e a tensão” no sistema financeiro persistiram nas últimas semanas e que a inquietação dos investidores sobre a disponibilidade do crédito e sobre o impacto dos problemas do setor imobiliário no resto da economia tem se “intensificado”.

Bernanke acha que o fundo do poço da crise imobiliária ainda não foi atingido e que a inadimplência provavelmente aumentará.

Isso reduzirá ainda mais os preços e pode desaquecer uma economia que, segundo ele, já está perto do congelador, pelo menos a curto prazo. EFE cma bba/ma

US

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Parmenas Alt
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