Depois do alarde em todo o Reino Unido por conta da madeira ilegal rastreada pelo Greenpeace advinda do Pará, todo o setor florestal brasileiro foi penalizado por ficar mal visto pelo mercado europeu. Nessa leva está a madeira de Mato Grosso, que, apesar de preservar mais de três milhões de hectares em manejo florestal, sofre a discriminação do mercado por causa da falta de controle de outros estados. Por conta disso, na semana passada, o presidente do Centro das Indústrias Produtoras e Exportadoras de Madeira do Estado de Mato Grosso (Cipem), Geraldo Bento, esteve em Bruxelas, capital da Bélgica, participando do Encontro Anual das Federações da Madeira e Terceiro Setor onde elencou todas as medidas que o segmento segue para vender somente madeira 100% legal. O presidente foi aquele país representando também o Fórum Nacional de Atividades de Base Florestal (FNBF) e a Associação Brasileira da Indústria de Madeira Processada Mecanicamente (Abimci).
O evento do qual participou tem como objetivo discutir as demandas dos importadores e suas dificuldades. “Nesse encontro falava-se muito da situação da madeira do Brasil por conta da matéria do Greenpeace sobre a ilegalidade no Pará e da falta de transparência que repercutiu no mercado europeu, principalmente o deles lá (belga) onde existem várias federações que se reúnem para discutir a situação do mercado da madeira”, explicou Bento.
“Fomos lá para marcar presença no evento e dizer também que a nossa madeira brasileira não é aquela imagem que estão pintando lá no exterior. Temos projeto de manejo, temos legalidade trabalhista, respeitamos os direitos humanos e essas leis aqui no Brasil são cobradas severamente”, garantiu o presidente.
Para estreitar esse diálogo direto com o mercado europeu é que ficou acertado que, na próxima convenção dos países do mercado da madeira o presidente do Cipem estará presente. “Também formos lá para mostrar a nossa intenção do mercado da legalidade da madeira do Brasil. Vamos fazer uma propositura de uma nova plataforma para que os importadores de madeira possam vir ao Brasil e identificar quais são aquelas empresas que realmente trabalham mantendo a legalidade para que não corram o risco de comprar um produto que não seja de origem legal”, salientou.
Bento conclui dizendo que os compradores de madeira não esperavam que houvesse um representante do setor na reunião. “Foi uma surpresa para nós também porque fomos bem recebidos, não só por eles, mas também pelas ongs que estavam presentes como a WWF, a Traffic (que patrocinou a viagem de Bento) e o próprio Greenpeace, que estava marcando presença. “Deixamos evidente para eles que a nossa intenção no mercado brasileiro é proporcionar um caminho novo de transparência para que eles possam comercializar conosco a madeira sem restrição nenhuma”, destacou o presidente.
Para isso foi apresentado a eles tudo que foi feito pelo FNBF e a Abimci com o estudo setorial que mostra números no Brasil de ativos ambientais que chamaram a atenção dos presentes. “Acho que foi um marco da atividade florestal do Brasil com o guarda-chuva do Fórum e abrimos uma porta com o mercado europeu. Para comprar nossa madeira querem que nos posicionemos com solução para a questão da legalidade e é isso que estamos fazendo”, concluiu.