segunda-feira, 23/12/2024
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Presidente boliviano deve sofrer seu primeiro revés eleitoral

O presidente da Bolívia, Evo Morales, sofreu no domingo sua pior derrota eleitoral em quase seis anos de governo, depois de uma avalanche de votos nulos em uma histórica eleição de juízes nacionais por sufrágio universal, segundo resultados extraoficiais.

A tradicional base de Evo na população de origem indígena parece ter-lhe imposto o revés por causa de seu impopular plano de construir uma estrada de US$ 420 milhões – financiada em sua maior parte pelo Brasil – através da região Amazônica do país e também pela repressão policial aos manifestantes que protestavam contra a obra.

Se as projeções extraoficiais forem confirmadas, essa terá sido a primeira derrota eleitoral de Evo – o primeiro indígena a ocupar o cargo de presidente na Bolívia – em quase seis anos no poder. Mas o presidente boliviano, que dias antes se vangloriava de haver obtido seis vitórias consecutivas nas urnas, não admitiu publicamente a derrota. Ele considerou a eleição válida e afirmou que o resultado mostra a “nova justiça para a Bolívia”.

Resultados oficiais são esperados dentro de ao menos cinco dias na votação para 56 magistrados nos quatro principais tribunais do país. Cerca de 5,2 milhões dos 10 milhões de habitantes da Bolívia foram convocados para eleger juízes titulares e suplentes do Supremo Tribunal, do Tribunal Constitucional, do Tribunal Agroambiental e do Conselho da Magistratura (disciplinar). Um total de 114 candidatos foram escolhidos por maioria simples.

No único resultado extraoficial divulgado horas depois do fechamento das urnas, a emissora privada de televisão ATB disse, com base em contagem rápida de 75% dos votos feita pela empresa Ipsos Apoyo, que 61% dos eleitores votaram em branco ou anularam as cédulas.

O presidente do Tribunal Eleitoral boliviano, Wilfredo Ovando, afirmou, porém, que os votos brancos e nulos são apenas dados estatísticos e não anularão o resultado. Já o ex-candidato presidencial de centro-esquerda Samuel Doria Medina afirmou que a soma “dos votos brancos e nulos invalidam” a eleição dos juízes. De acordo com as regras eleitorais, uma maioria de votos válidos é necessária para preencher cada cadeira judicial.

A consulta foi vista como medição de forças entre o governo, que fez um chamado pelo voto válido, e uma dispersa oposição – da centro-esquerda até a direita -, que promovia o voto nulo.

Nas últimas horas, o Movimento Sem Medo (MSM, centro-esquerda) reiterou suas críticas ao processo eleitoral, dizendo que desde o início houve falhas, como a pré-seleção de candidatos no Congresso, controlado pelo governo, que atenuou a meritocracia na qualificação dos aspirantes.

O líder do MSM, Juan del Granado, ex-aliado de Evo, reafirmou também que o presidente do Tribunal Eleitoral é aliado do governo, e portanto sua independência está em dúvida.

“As autoridades judiciais que serão eleitas terão a responsabilidade de viver para a justiça, de fazer justiça e não de manipular a justiça”, declarou Evo, que votou na região cocaleira de Chapare (centro), seu reduto.

*Com Reuters, AFP e AP

ig

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Parmenas Alt
Parmenas Alt
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