quinta-feira, 07/11/2024
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Preocupado com a Previdência? Veja como garantir a aposentadoria em 4 pontos

Uma velha piada do mundo financeiro diz que a sigla INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), na verdade, tem outro significado: Isso Nunca Ser&aacute Suficiente.

A brincadeira ganhou tons dram&aacuteticos recentemente, com o an&uacutencio da reforma da Previd&ecircncia. Enviada ao Congresso, a proposta do governo estabelece um m&iacutenimo de 25 anos de contribui&ccedil&atildeo e de 65 anos para se aposentar. Pelas novas regras, algu&eacutem s&oacute receber&aacute o valor integral do benef&iacutecio, que n&atildeo pode passar de R$ 5.189, ap&oacutes 49 anos de contribui&ccedil&atildeo.

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Para quem j&aacute est&aacute perdendo nessa conta e teme n&atildeo completar o meio s&eacuteculo de trabalho, caso o pacote seja aprovado pelo Legislativo, a BBC Brasil reuniu dicas para organizar e melhorar suas finan&ccedilas – tudo para complementar o valor concedido pelo INSS.

As op&ccedil&otildees exigem um esfor&ccedilo no or&ccedilamento dom&eacutestico para que se possa gerar uma poupan&ccedila extra de modo a criar alternativas de investimento paralelas &agrave contribui&ccedil&atildeo oficial, ou seja, pressup&otildeem que haja renda suficiente para tal.

Leia abaixo as sugest&otildees de especialistas.

1) Comece a guardar dinheiro

O primeiro conselho dos educadores financeiros parece &oacutebvio, mas n&atildeo &eacute seguido por muita gente: comece a guardar dinheiro agora.

Quanto mais cedo voc&ecirc come&ccedilar, mais ter&aacute aos 65 anos, idade em que poder&aacute receber a aposentadoria.

O &quotn&uacutemero m&aacutegico&quot sugerido pelo consultor e economista F&aacutebio Fusco &eacute a economia de&nbsp10% do sal&aacuterio para quem tem entre 20 e 30 anos 15% para a faixa et&aacuteria de 30 a 40 anos e 20% para quem tem 40&nbsp. Assim, diz, &eacute poss&iacutevel complementar a aposentadoria e manter um padr&atildeo de vida confort&aacutevel.

Para os jovens que moram com os pais e n&atildeo t&ecircm filhos, a professora Myrian Lund, da FGV, aconselha um percentual maior: 30%. S&atildeo 10% para emerg&ecircncias, 10% para a previd&ecircncia, 10% para os sonhos (viagens, cursos).

&quotDessa forma, sempre v&atildeo ter uma vida legal e podem se aposentar com o que ganham hoje&quot, diz Lund.

Independentemente da idade, reservar um dinheiro para emerg&ecircncias &eacute a primeira etapa. Se voc&ecirc ficar desempregado, &eacute a essa reserva que vai recorrer. Segundo a planejadora financeira Eliane Habib, &eacute preciso guardar, no m&iacutenimo, cinco meses das suas despesas fixas (aluguel, comida). Se gasta R$ 3 mil por m&ecircs com o b&aacutesico, guarde pelo menos R$ 15 mil.

&quotSabendo que tem isso, voc&ecirc pode dormir &agrave noite. Depois vai pensar na sua aposentadoria&quot, diz Habib.

Poupar de 10% a 20% do sal&aacuterio parece muito? Ent&atildeo &eacute hora de rever suas despesas.

Com a aposentadoria mais distante, n&atildeo &eacute recomend&aacutevel elevar seus gastos no mesmo ritmo em que seu pagamento aumenta. Independentemente do n&iacutevel salarial, &eacute preciso ter uma folga.

&quotPara muitos, o teto da aposentadoria (R$ 5.189) n&atildeo &eacute suficiente para manter o padr&atildeo de vida atual. O segredo &eacute n&atildeo aumentar demais seus gastos. Se tem um filho, compre um apartamento de dois dormit&oacuterios, n&atildeo precisa de um de tr&ecircs, quatro quartos&quot, diz Eliane Habib.

Para os entrevistados, as classes m&eacutedia e m&eacutedia alta, que s&atildeo boas gastadoras, mas n&atildeo grandes poupadoras, devem sentir bastante a mudan&ccedila.

O economista F&aacutebio Fusco d&aacute um exemplo. Um casal que, junto, ganha R$ 15 mil poder&aacute receber, no m&aacuteximo, R$ 10.378 do INSS – ao contribuir por 49 anos. Se contribuir pelo m&iacutenimo de 25 anos, o valor n&atildeo passar&aacute de R$ 8 mil.

&quotA renda cai 50%.&quot

2) Invista (e deixe a poupan&ccedila de lado)

Se tem dinheiro guardado, n&atildeo o deixe parado.

Os consultores financeiros entrevistados pela BBC Brasil aconselham a forma&ccedil&atildeo de uma carteira de investimentos. O nome assusta, mas o conceito &eacute simples. A ideia &eacute colocar seu dinheiro em v&aacuterios lugares, como nos t&iacutetulos do Tesouro Direto ou em fundos de investimento.

Apesar de sua popularidade, a poupan&ccedila n&atildeo &eacute a mais recomendada. Isso porque seu rendimento fica muito pr&oacuteximo da infla&ccedil&atildeo medida pelo IPCA (&Iacutendice Nacional de Pre&ccedilos ao Consumidor). Nos &uacuteltimos doze meses, os n&uacutemeros ficaram em 8,3% e 6,99%, respectivamente. Dessa forma, a poupan&ccedila mal recupera a desvaloriza&ccedil&atildeo do dinheiro.

A op&ccedil&atildeo mais indicada pelos entrevistados &eacute o Tesouro Direto, programa para vender t&iacutetulos p&uacuteblicos federais pela internet. Os t&iacutetulos s&atildeo emitidos pelo governo com o objetivo de captar recursos para financiar a d&iacutevida p&uacuteblica e atividades governamentais. &Eacute como se estivesse comprando &quota&ccedil&otildees&quot do governo.

A rentabilidade do Tesouro Direto &eacute bem maior do que a da poupan&ccedila, chegando a 14% ao ano. &Eacute poss&iacutevel escolher entre t&iacutetulos pr&eacute-fixados (voc&ecirc sabe o percentual de remunera&ccedil&atildeo ao aplicar: hoje em 12%) e p&oacutes-fixados (v&atildeo seguir a evolu&ccedil&atildeo de um indicador e voc&ecirc n&atildeo sabe o quanto render&atildeo). Os &uacuteltimos podem estar atrelados &agrave Selic (taxa b&aacutesica de juros) ou ao IPCA (infla&ccedil&atildeo).

Todos eles t&ecircm prazos para resgatar o dinheiro, que v&atildeo de 2017 a 2050. Nada impede, no entanto, que voc&ecirc retire o valor antes.

O Tesouro Direto &eacute vantajoso por outros motivos: tudo &eacute feito on-line e voc&ecirc pode come&ccedilar a investir com R$ 30. Para saber mais e fazer uma conta no Tesouro Direto, procure uma corretora ou o seu banco.

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A&ccedil&otildees s&atildeo indicadas para os mais jovens, que podem se dar ao direito de perder dinheiro

Foto: BBC / BBCBrasil.com

Outra dica dos especialistas &eacute procurar fundos de investimento imobili&aacuterio em vez de comprar im&oacuteveis para alugar. Administrados por uma institui&ccedil&atildeo financeira, os fundos re&uacutenem recursos de investidores. Eles podem ser usados na aquisi&ccedil&atildeo de im&oacuteveis ou terrenos, que depois s&atildeo vendidos ou alugados. O lucro desses neg&oacutecios &eacute repassado, mensalmente, para os participantes. Para entrar, &eacute preciso se cadastrar em uma corretora de valores. Assim, voc&ecirc poder&aacute comprar as cotas, dispon&iacuteveis a partir de R$ 10.

Alguns fundos chegam a pagar 1% por m&ecircs de rendimentos. Ou seja, se voc&ecirc investiu R$ 1.000 receber&aacute R$ 10 a mais.

&quotA n&atildeo ser que o cara seja do ramo, n&atildeo recomendo a compra de im&oacuteveis para alugar. &Eacute muito custo. Tem IPTU, condom&iacutenio, impostos altos. E pode desvalorizar&quot, diz o professor de Finan&ccedilas da FEA-USP Rafael Paschoarelli.

Segundo o consultor Mauro Calil, alugar um apartamento &agraves vezes &eacute menos vantajoso do que deixar o dinheiro na poupan&ccedila. Ele d&aacute um exemplo: um im&oacutevel de R$ 100 mil alugado por R$ 350 d&aacute um retorno de 0,35% por m&ecircs. A remunera&ccedil&atildeo da poupan&ccedila hoje &eacute de 0,66% no mesmo per&iacuteodo.

A Bolsa de Valores &eacute recomendada para os mais jovens, que podem correr o risco de perder dinheiro na queda de a&ccedil&otildees.

Apesar de menos previs&iacutevel, a Bolsa pode ser uma &oacutetima fonte de rendimento, j&aacute que os pap&eacuteis podem subir mais de 1.000% num &uacutenico dia. Mas &eacute preciso conhecer a empresa e estudar seu desempenho antes de comprar suas a&ccedil&otildees. Assim, reduz-se o risco de perder tudo da noite pro dia.

3) Tome cuidado com a previd&ecircncia privada

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Com reforma anunciada pelo secret&aacuterio da Previd&ecircncia, Marcelo Caetano, previd&ecircncia privada surgiu como plano B

Foto: Antonio Cruz/Ag&ecircncia Brasil

Apesar de ser o plano B de muitos brasileiros, a previd&ecircncia privada &eacute considerada cara e pouco rent&aacutevel pela maioria dos entrevistados. Segundo eles, a contrata&ccedil&atildeo precisa ser feita com cuidado, porque pode incluir taxas altas.

Um dos pontos positivos &eacute a facilidade de escolher o tamanho e periodicidade da contribui&ccedil&atildeo: R$ 100 por m&ecircs ou por ano, por exemplo. Diferentemente do INSS, n&atildeo h&aacute um m&iacutenimo pr&eacute-estabelecido e o valor pode sair automaticamente da sua conta.

H&aacute tamb&eacutem um aspecto psicol&oacutegico. &quotO dinheiro fica carimbado como aposentadoria e a pessoa pensa mil vezes antes de mexer&quot, diz Mauro Calil.

Entre as quest&otildees problem&aacuteticas est&atildeo as taxas, normalmente mais altas nos bancos do que nas corretoras. Preste aten&ccedil&atildeo nelas antes de escolher um plano. As empresas costumam cobrar duas: uma de carregamento (sobre cada aporte) e outra de administra&ccedil&atildeo (anual).

Ambas afetam quanto voc&ecirc vai receber no final. Se um cliente aplica R$ 100 por m&ecircs e a taxa de carregamento for de 5%, apenas R$ 95 v&atildeo para a previd&ecircncia. Planos diferentes costumam ter taxas diferentes, mas a m&eacutedia fica entre 4% e 5%. Para Calil, taxas acima de 1% j&aacute s&atildeo altas.

O rendimento da previd&ecircncia privada tamb&eacutem n&atildeo &eacute dos melhores. Ele depende da carteira de investimentos feitos pelo fundo – &eacute assim que ele ganha dinheiro e repassa para seus participantes.

Segundo o consultor financeiro, a remunera&ccedil&atildeo anual est&aacute entre 7% a 9%, pouco acima da poupan&ccedila. &quotEm ber&ccedilo espl&ecircndido&quot, diz, os bancos n&atildeo est&atildeo oferecendo bons neg&oacutecios.

&quotEles n&atildeo t&ecircm problemas em ter clientes, ainda mais com o an&uacutencio da reforma. Se tem uma fila de gente querendo fazer, por que v&atildeo melhorar o produto?&quot

A planejadora financeira e professora da FGV Myrian Lund atenta para a cobertura dos planos. Ela diz que, por causa do envelhecimento da popula&ccedil&atildeo, algumas institui&ccedil&otildees j&aacute est&atildeo tirando a op&ccedil&atildeo de renda vital&iacutecia. O mais comum, afirma Lund, &eacute que o pagamento ocorra por dez, quinze ou trinta anos. Depois disso, ele para.

Tamb&eacutem &eacute preciso checar se o plano prev&ecirc, em caso de morte, o pagamento aos dependentes, afirma a professora. Em alguns casos, &eacute preciso comprar seguros separadamente.

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Al&eacutem de conceder aposentadoria, Previd&ecircncia Social tamb&eacutem serve como um seguro

Foto: F&aacutebio Rodrigues Pozzebom/Ag&ecircncia Brasil

4) N&atildeo deixe de contribuir

Diante das limita&ccedil&otildees da previd&ecircncia privada, a dica dos consultores &eacute: n&atildeo deixe de contribuir para a Previd&ecircncia Social, mesmo que esteja desempregado. Al&eacutem da aposentadoria normal, ela funciona com um seguro em caso de morte ou invalidez.

Se est&aacute fora do mercado, &eacute poss&iacutevel tornar-se um contribuinte facultativo e escolher entre dois tipos de plano: o normal e o simplificado. O primeiro conta como tempo de contribui&ccedil&atildeo e exige um m&iacutenimo de R$ 176 (20% do sal&aacuterio m&iacutenimo) mensais. O segundo &eacute mais barato (a partir de R$ 96,80), mas n&atildeo conta no tempo de contribui&ccedil&atildeo. Por outro lado, garante outros benef&iacutecios, como pens&atildeo por morte e aposentadoria por invalidez. Se decidir pelo simplificado, existe a op&ccedil&atildeo de, no futuro, fazer uma complementa&ccedil&atildeo para incluir esses anos no per&iacuteodo de contribui&ccedil&atildeo.

Mais do que as vantagens, a obrigatoriedade dos 49 anos para ter a aposentadoria integral pesam na decis&atildeo.

&quotVai somando tempo, nem que contribua com o m&iacutenimo e depois aumente o valor. Ainda mais com esse novo n&uacutemero m&aacutegico&quot, recomenda F&aacutebio Fusco.

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Parmenas Alt
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