Estrutura precária. Filas intermináveis de espera para agendamento de consultas especializadas, exames e cirurgias. Falta de insumos básicos. Superlotação nas unidades. Situações corriqueiras e que fazem parte da rotina de pacientes e profissionais do Sistema Único de Saúde (SUS), em Cuiabá. Por isso, no Dia Mundial da Saúde, o Sindicato dos Médicos do Estado de Mato Grosso (Sindimed-MT) decidiu celebrar a data com a realização de um amplo debate sobre o setor. Soluções foram apontadas, porém não ouvidas por quem poderia mudar essas circunstâncias – o gestor público.
Eliana Siqueira, presidente do Sindimed-MT, destacou que a categoria oficializou um convite ao Executivo Municipal. Este, por sua vez, assim como nas inúmeras tentativas da categoria de negociação, preferiu o silêncio ao pedido de socorro. “A saúde de Cuiabá está acamada, numa Unidade de Terapia Intensiva, há vários anos. Quando falo isso, não me refiro apenas aos profissionais que enfrentam diariamente condições precárias. Mas falo, também, pelos pacientes que agonizam amontoados nos corredores do Pronto Socorro”, apontou.
De acordo com a presidente do Conselho Regional de Medicina de Mato Grosso (CRM-MT), Maria de Fátima Carvalho Ferreira, é imprescindível a estruturação da rede de atenção à saúde. “O atendimento suplementar carece de prevenção, da atenção básica. Os recursos ainda são insuficientes, mas existem. Penso que conseguimos fazer muito com tão pouco. Mas o principal problema vivido pelo setor ainda é a falta de uma gestão adequada. Por isso o fortalecimento da atenção básica é a melhor, se não a única saída para o caos”, destacou.
Para a representante do Sindicato dos Odontologistas de Mato Grosso (Sinodonto-MT), Andrea Coelho, o formato de rede existe, mas ela ainda não foi implementada. “Precisamos fazê-la funcionar. Cada um vive na sua caixa, separadamente. Não há integração. Além disso, o paciente é importante no controle social. Muitas vezes ele some da unidade. E geralmente não há um diálogo contínuo com o usuário do Sistema Único de Saúde”, observou.
No final do evento, a categoria realizou uma Assembleia Geral para avaliar o movimento grevista, que completou um mês, e decidiu manter a paralisação. Sobretudo, o assessor jurídico do Sindicato, Bruno Alvares, ressaltou que ingressou com um Mandado de Segurança no Tribunal de Justiça de Mato Grosso, visando evitar a exoneração de servidores. Isso porque o prefeito da Capital, Mauro Mendes, vem anunciando que irá demitir os profissionais.
“A estratégia é promover o terror entre os médicos e tentar vencer o movimento no tapetão. Afinal, as faltas vêm acontecendo devido à greve. A lei resguarda esse direito a qualquer categoria de trabalhadores”, enfatizou o assessor jurídico do Sindimed-MT.
A próxima Assembleia ficou agendada para a próxima terça-feira (12), às 19h, na sede do Sindicato. Outras informações podem ser obtidas pelos telefones (65) 9996-9315 ou 9225-1661.